Isto pode soar parvo, mas não estava à espera de gostar tanto deste livro.
Há já algum tempo que estava com saudades de ler um romance, um clássico. Nesse sentido, além de ter superado expectativas, Amor de perdição encheu-me totalmente as medidas.
Da obra, em concreto, tinha pouco mais que uma vaga ideia. Expoente do Romantismo em Portugal; uma espécie de Romeu e Julieta (no sentido do clássico "amor proibido"); Teresa e Simão.
Se viveres, um dia serás livre; a pedra do sepulcro é que nunca se levanta.
Trágico, trágico e dramático, relato supostamente verídico ou pelo menos baseado em factos reais. Simão, filho problemático e longe de predilecto de um corregedor e de uma dama da corte, gosta de lutar e arranjar drama; manifesta bizarra melhoria de comportamento ao, secretamente, se apaixonar por Teresa, sua vizinha de família inimiga da sua, por motivos de política e justiça: este amor não era proibido por serem de classe social diferente, mas por serem adolescentes parvos a ir contra os interesses familiares. Embora proibidos de sequer falar, o seu amor leva à perdição do título.
O amor é aqui apresentado como uma futilidade adolescente que, neste caso concreto, teve mais força do que isso, tendo ido para além do romance literário; é-nos apresentado como genuíno e livre, triste, espiritual, impossível e eterno, para além da morte.
O amor é aqui apresentado como uma futilidade adolescente que, neste caso concreto, teve mais força do que isso, tendo ido para além do romance literário; é-nos apresentado como genuíno e livre, triste, espiritual, impossível e eterno, para além da morte.
Para mais contrariar a paixão entre os dois jovens, o pai de Teresa que, consoante a sociedade da época, se sentia proprietário da filha, tenta casá-la com um primo ou, alternativamente, mandá-la para o convento (que é apresentado, por dentro, como um lugar menos isento de vícios do que seria de esperar).
- Vais hoje dar a mão de esposa a teu primo Baltasar, minha filha. É preciso que te deixes cegamente levar pela mão de teu pai. Logo que deres este passo difícil, conhecerás que a tua felicidade é daquelas que precisam ser impostas pela violência. Mas repara, minha querida filha, que a violência de um pai é sempre amor.
Drama imenso, lutas, tiroteios, desgraças e mortes; Teresa e Simão irremediavelmente separados, prontos a morrer se souberem que não se vão poder ter - prontos para uma possível felicidade espiritual, após a morte.
Aparece entretanto Mariana, filha de um ferreiro, apaixonada por Simão e que ainda assim procura ajudar, como pode, o casal, e cuida de Simão como se sua criada fosse, recebendo em troca apenas afecto fraternal e romanticamente desinteressado.
O final, lindíssimo; fica uma foto de uma estátua intitulada "Amor de Perdição" ao pé da Antiga Cadeia da Relação do Porto, que é tanto palco de parte desta obra, como da vida do autor.
portorunningtours.com ; tirei uma foto à estátua numa ida recente à cidade, mas ainda não revelei o rolo |
Recomendo o livro a todos, especialmente aos mais desapaixonados pela literatura portuguesa (que é o meu caso pessoal).
5/5
Tenho este livro na estante há já demasiado tempo principalmente porque não tenho tido disposição para o ler. Está me a parecer que não vai lá ficar por muito mais tempo. Obrigada pela sugestão ;)
ResponderEliminarRita,
Eliminarfico feliz por ter influenciado de alguma maneira uma leitura próxima. espero que gostes :) eu achei de leitura simples (algo que não esperava) e bonito, embora com o seu toque de "dramalhão".