Quoth the raven, nevermore.
Imaginem-se todos contentes a querer entrar numa loja bonita (acrescento, já agora, que desconhecia a ligação da livraria ao Harry Potter até o meu melhor companheiro mo dizer). Imaginem agora que vos cobravam para entrar na dita loja - 3€.
São, mais que um bilhete, um voucher dedutível em compras na livraria, informam. Porque, dizem eles, muita gente ia só para ver e tirar fotos das escadinhas bonitas e não compravam nada, e há que pensar no negócio, e nas filas, e não sei quê. Recusei-me a ir e fiquei ofendida e indignada por me cobrarem para entrar numa loja. Quem nunca entrou na Zara e saiu sem saco na mão que atire a primeira camisa. Acrescente-se que a Bertrand do Chiado é a livraria mais antiga do mundo e nunca cobrou nada.
Voltei dois dias depois porque queria mesmo ver - confesso ter ido um bocado resignada. A fachada estava em obras, motivo pelo qual não a vi - nem aos vitrais - e as filas que o bilhete procurava evitar não se traduziram em grande à-vontade dentro da livraria, que é bastante pequena. As escadas são realmente bonitas, mas com tanta gente lá dentro sinto que nem deu para desfrutar realmente do espaço. Estou a ver imagens na net e sinto que não vi nem metade dos detalhes. Dá também para sentir que tentam vender a afiliação ao Harry Potter ao máximo.
Encontrei uma edição de 7€ do Black Beauty da Anna Sewell e agarrei-me a ela, coagida a reaver o dinheiro da entrada - coagida, sim. Comprei o livro menos por prazer e mais por sentido de justiça.
Saí com um gosto amargo.
Acabo de encontrar uma notícia segundo a qual desde que a Lello começou com esta iniciativa factura milhares de euros por dia e depois de ler isto estimo honestamente que se lixem. Há mais cultura no Porto onde podem investir 3 euros (no fundo mais, dado o sentimento de coacção a comprar livros). Sugiro o Palácio da Bolsa, ou um café no Majestic.
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