Faz hoje 200 anos que Jane Austen morreu.
Li aqui no Diário de Leituras que há, finalmente, uma estátua da autora, bem como uma nota que a comemora. Segundo o Governador do Bank of England:
Our banknotes serve as repositories of the country’s collective memory, promoting awareness of the United Kingdom’s glorious history and highlighting the contributions of its greatest citizens.
Austen’s novels have a universal appeal and speak as powerfully today as they did when they were first published.
Li os seis livros de Jane Austen (sim - são apenas seis, fora os trabalhos pequenos compilados) há vários anos (props a quem ainda se lembrar das capas azuis da Wordsworth) - cedo soube que era um nome obrigatório, como Dickens ou Shakespeare. Em vida, Jane Austen não vendeu muito - hoje a sua obra está traduzida em mais de 30 línguas, e é uma pena que Austen não tenha vivido para ver o seu sucesso. Há adaptações e mais adaptações e retellings dos seus livros (o meu preferido é o Clueless, com a Alicia Silverstone).
It is a truth universally acknowledged that a single man in possession of a good fortune, must be in want of a wife.
Escreveu livros banais, sobre o quotidiano, contrapondo-se aos romances góticos populares na época, que parodiou em Northanger Abbey. Por um lado, são livros sobre a bisbilhotice e modas e mundos onde há homens ricos à procura de esposas, romance, finais felizes, bailes, pedidos de casamento, casamentos, namoricos e escândalos. Por outro, são cínicos e inteligentes e tratam de temas possivelmente vápidos - aqueles da sociedade. E quem não aprecia uma boa crítica social?
E quão relevante é ser crítica social do ponto de vista de uma mulher de há 200 anos atrás? E é crítica muito direccionada a morais, propriedade e dinheiro, especialmente a forma como mulheres não podiam ser herdeiras: note-se Pride and Prejudice, em que Mrs Bennet quer arranjar marido à força toda para as filhas, no caso de algo acontecer a Mr Bennet, situação na qual ficariam todas pobres.
As personagens principais são maioritariamente fortes (não gosto da Fanny Price e não o escondo), mas de formas subtis (não como a sua contemporânea Mary Wollstonecraft, portanto). Jane Austen defendia o casamento por amor, e não por dinheiro ou posição social. Defendia a felicidade.
Excelente post!
ResponderEliminarMuito obrigada :$
EliminarO Clueless é épico :p
ResponderEliminarÉ sim! :p infelizmente devo fazer a ressalva que "you're a virgin who can't drive" não é uma frase de Jane Austen :$
EliminarNoted xD
EliminarGosto muito de Jane Austen:)
ResponderEliminarEu também, Edite! É mesmo daquelas autoras que ficam :)
EliminarSim, sei que pode ser considerado imperdoável, mas nunca li Jane Austen, sim tenho interesse em a ler, mas de facto não tenho tempo para ler tudo o que gostaria de ler, no século XIX apaixonei-me pelas obras de Dostoievsky, Tolstoi, Eça, Assis... mas a verdade é que estão em falta e a lacuna não é menor: Camilo Castelo Branco, grande parte de Dickens, Balzac, Zola. Desejava mesmo era ler todos os aqui citados, pelo menos as suas obras mais importantes sem esquecer o que de entretanto saiu no século XX e vai saindo no XXI. Por agora estou a ler um dos escritores mais importantes do Canada Robertson Davies, em parte anterior a Atwood e Munro, ou não fosse ele bem mais interessante do que o desconhecimento que resulta da sombra de um país que não impõe a sua cultura internacionalmente como UK e os EUA. Mas quero ainda chegar a Austen.
ResponderEliminarCarlos, acho que a grande dor do leitor são todas as lacunas que ficam por preencher enquanto preenchemos outras. Balzac e Zola (ainda) nunca li. Tenho ali um do Zola por ler, o Thérèse Raquin. Eça só estou a voltar agora, Machado de Assis estou a retomar o amor que senti em 2010 e a completar as suas grandes obras. Estou a gostar muito. Dickens foi dos primeiros autores que li com idade de apreciar, mas falta-me muito dele, muito mesmo. Dostoevsky e Tolstoy só li dois livros de cada um - tenho mais um calhamaço de cada em que pegar, na estante.
EliminarAtwood já li e tenho mais por ler, Munro tenho por ler ainda - Robertson Davies desconheço e vou já investigar! É verdade que o Canadá não "impõe" a sua cultura ao lado de países anglófonos tão mais pesados. Mais nova li Douglas Coupland e gostei, agradável de ler, embora não achasse grandes obras primas.
De Austen recomendo principalmente três: Orgulho e Preconceito (claro), Northanger Abbey (por ser uma crítica muito mais pesada à "heroína tonta" e ser uma paródia assumida de outro género literário), e Emma, porque a história do Emma é deliciosa.
Chegaremos a tudo!
Pois tentaremos chegar a tudo... sim, já li muitos Douglas Coupland, concordo com a apreciação... mas é amigo muito próximo de um primo direito meu e por isso conheço-o por curiosidade e por cooperar com a minha família.
EliminarQue interessante, Carlos! O mundo é verdadeiramente pequeno.
EliminarAdoro a Jane Austen. Já viste o filme Clube de Jane Austen?
ResponderEliminarNão, esse nunca vi! Recomendas? :)
EliminarLembro-me de há uns anos ver uma série engraçada, "Lost in Austen", é curtinha, quatro episódios. Se arranjares vê, acho uma boa premissa para qualquer leitor!
Olá Bárbara,
ResponderEliminarEstou neste momento a ler "Orgulho e Preconceito". Estou a gostar muito. Vou ler mais livros da autora, sem dúvida.
Beijinhos e boas leituras
Esse é um dos meus preferidos, Isaura! Também adorei o Emma e o Northanger Abbey - dos outros gostei menos. Beijinhos, boas leituras!
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