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Meditações

Cultura greco-romana.


O Imperador romano Marco Aurélio tinha um diário no qual escrevia os seus pensamentos sobre como levar uma vida boa, sã e digna. Estes pensamentos não foram escritos para uma audiência, mas para ele próprio; nunca houve qualquer intenção de publicação. No entanto, e nos dias de hoje, estes 12 livros continuam connosco: as Meditações.

O estoicismo romano não é tão conhecido ou conceituado como a filosofia grega. No entanto, o objectivo da cultura romana era viver como um filósofo: ser uma pessoa de bom carácter, íntegra, não hipócrita. Marco Aurélio é considerado um dos maiores estóicos romanos. Os seus pensamentos são extremamente lógicos no que respeita à vida, à morte, ao universo que nos rodeia. É aberto e honesto e compreende a efemeridade da vida e o quão irrelevantes somos, seres humanos, no grande quadro da História - e estes pensamentos vieram daquele que era o homem mais poderoso do mundo ocidental. Um homem que considera que a força vem da humildade, da bondade, do auto-sacrifício, que nos ensina a aceitar o que não podemos controlar.

Há vários temas recorrentes nas Meditações, e generalizá-los diminuiria a riqueza dos pensamentos que nos são aqui apresentados, que se pode retirar das palavras de Marco Aurélio. Ainda assim, algumas ideias chave são que a vida é curta, e tudo é efémero; assim, nós, individualmente, não somos nada. E tudo o que acontece, acontece por causa das leis universais da natureza.

A fraqueza dos pensamentos de Marco Aurélio - o quão vagos são, confusos, por vezes, ou pouco desenvolvidos - acaba por ser a sua força. Marco Aurélio impele-nos a pedir o melhor de nós mesmos e a ignorar o comportamento dos outros, mesmo quando nos prejudica. Particularmente interessante é perceber que este homem - novamente, o mais poderoso, à data - procurava compreender o universo, e o seu lugar nele. São os seus pensamentos mais íntimos a que temos acesso, compreendemos os seus esforços, problemas e dores. Fala, frequentemente, da morte, e da morte na infância - vários dos seus filhos morreram, ainda crianças.

Há momentos de compreensão menos fácil, por se referirem a mestres e contemporâneos de Marco Aurélio, mas as notas de rodapé ajudam, com as referências históricas várias. Fora isso, o livro, composto de aforismos, é fácil de seguir, e mesmo de ir lendo aos poucos. A simplicidade do que é dito, e a maneira como os pensamentos são colocados, sobrepõe-se à originalidade do conteúdo. São directivas gerais, até mesmo genéricas. E é fascinante perceber que, há cerca de 2000 anos, as ideias base para viver a vida eram as mesmas que as de hoje.

4/5

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