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Bordados

Marjane Satrapi foi o primeiro nome que me ocorreu quando me apercebi que estávmos em Agosto, o mês do #womenintranslation.



Já tendo lido Persepolis e Frango com Ameixas, tinha ainda este por ler na estante, da última colecção Novela Gráfica da Levoir. Parti para este livro já com a ideia de que se tratava de mais um pedaço da vida real da autora, mas que seria uma obra menor que as outras duas que eu já tinha lido.


Bordados é um livro de leitura rápida, relatado pelos olhos das mulheres da vida de Marjane - avó, mãe, tias, vizinhas, amigas - enquanto bebem chá após o almoço, momento em que os homens se retiram e as mulheres aproveitam para ter conversas mais íntimas.


 


Todas elas contam histórias de momentos das suas vidas, ou de outras mulheres que conhecem, sem qualquer inibição: histórias sobre injustiças, esperanças, sonhos de vida, desilusões, frustrações,  segredos, casamentos mais ou menos realizadores, por amor, conveniência ou até dinheiro. Apesar das muitas restrições que estas mulheres sentem nas suas vidas, apercebemo-nos que, à sua maneira, se apercebem das suas limitações e lutam contra estas, tentando mudá-las, tornando-se independentes, contrapondo pontos de vista mais conservadores ou mais "ocidentais".


O mais surpreendente nesta obra é precisamente isso - a liberdade e o à-vontade com que estas mulheres, inteligentes e espirituosas, falam de temas confidenciais sem qualquer tabu, revelando a sua independência, as suas ansiedades e as suas lutas pessoais contra opressões sociais, familiares ou até mesmo pessoais, contra as aparências, contra as obsessões da sociedade, explicando o significado do título, "bordados", a um nível que eu pensava medieval (talvez por ter descoberto o conceito ao ler Gil Vicente).


Tradução de João Miguel Lameiras


4/5


Podem comprar esta edição na wook ou na Bertrand


Comentários

  1. vou ler em breve para o clube de leitura das Heróides :)

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    1. no ano passado cheguei a participar na sessão do invisible women :) este lê-se rapidinho e tem mesmo muitas perspectivas, deve ser uma bela discussão!

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  2. Este é o único livro dela que aprecio. É tão desarmante e espantoso na cumplicidade entre aquelas mulheres.
    Paula

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    1. Eu gostei muito de todos os três que li, mas compreendo que este se destaca muito nesse sentido, sim, especialmente com a forma como as mulheres são, ali, reprimidas na vida pública.

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