Como fã de longa data de Sylvia Plath, tive de comprar este livro, não mal soube dele, mas mal saiu em versão capa mole.
Red Comet: The Short Life and Blazing Art of Sylvia Plath, de Heather Clark, tem a proeza de ser um livro de quase 1000 páginas sobre uma mulher que morreu aos 30 anos. Já tendo lido The Bell Jar, os Diários completos e a grande maioria da sua poesia antes de ter começado este blog, podem encontrar aqui apenas a minha opinião (antiquíssima) de Ariel e a de Mary Ventura and the Ninth Kingdom, um conto apenas recentemente publicado.
Fugi sempre das biografias de Sylvia Plath, porque todas elas me pareciam, até agora, ter sido escritas sob a premissa de que tinha sido Ted Hughes que a levara ao acto derradeiro do suicídio; Heather Clark, no entanto, assume desde logo a sua postura neutra, compondo um livro fascinante e compreensivo sobre a vida de Sylvia, as suas influências, relações (amizades, amorosas, familiares) e saúde física e mental, combinando para esse efeito os seus diários, as suas cartas, a sua obra criativa e outros relatos da vida da autora.
Plath manteve ao longo de toda a sua vida não só o seu conhecido grande desgosto com a perda precoce do pai, mas também a forte ética de trabalho dos seus pais (o pai, emigrante alemão, a mãe, viúva com uma família para sustentar); sendo uma mulher poeta, via o seu trabalho ser levado menos a sério que o dos homens seus contemporâneos, e não viu o seu trabalho ser totalmente reconhecido em vida. Foi uma mulher brilhante, ambiciosa, instável, devota àqueles que amava (e, especialmente, a Ted Hughes).
Plath was determined to play her part, but, as Stevenson’s speech suggests, the odds were against her. She lived in a shamelessly discriminatory age when it was almost impossible for a woman to get a mortgage, loan, or credit card; when newspapers divided their employment ads between men and women ("Attractive Please!"); the word "pregnant" was banned from network television; and popular magazines encouraged wives to remain quiet because, as one advice columnist put it, "his topics of conversation are more important than yours."
Apesar de o seu objectivo ter sido sempre a poesia, Sylvia escreveu também The Bell Jar, tentou escrever dois outros romances, e escreveu vários contos. Toda esta obra é contextualizada ao longo da biografia. Plath era complexa, sonhava com ter filhos e via com maus olhos a infertilidade; tinha como sua maior apoiante a mãe, mas sentiu alívio quando a sua psiquiatra a "autorizou" a odiá-la (momento que me lembro como muito marcante quando li os diários); apesar da falta de oportunidades para mulheres escritoras e poetas, via as outras como rivais (e Clark faz muito para ajudar a contextualizar e desconstruir a ideia de Sylvia Plath como ícone feminista).
She was determined to live as fully as possible - to write, to travel, to cook, to draw, to love as much and as often as she could. She was, in the words of a close friend, "operatic" in her desires, a "Renaissance woman" molded as much by Romantic sublimity as New England stoicism. She was as fluent in Nietzsche as she was in Emerson; as much in thrall to Yeats's gongs and gyres as Frost's silences and snow.
Esta biografia toca nos vários aspectos da vida de Plath, desde a história dos seus pais e do seu casamento, a sua infância, o seu desenvolvimento artístico e o seu casamento; a vida de Plath foi mais do que uma marcha para o suicídio pelo qual todos a conhecemos. Nesta biografia, Clark demonstra-o com empatia.
Até fiquei com vontade de ler Ted Hughes.
5/5
fico feliz por teres gostado, porque sei que a adoras :) gostava de ler a biografia da Clarice, mas depois deparo-me com cenas destas: https://lareviewofbooks.org/article/benjamin-moser-and-the-smallest-woman-in-the-world/
ResponderEliminarposso afirmar que gostei ainda mais do que estava à espera! não só pelos detalhes da vida dela e do interligar de vida e obra, mas pela empatia.
Eliminarai que história tão manhosa! :(
Comprei os Diários da Plath que saíram recentemente. Quem sabe se depois de o ler não ganho balanço para este. Nunca ouvi uma única opinião negativa sobre ele. Só o tamanho, vá, de gente preguiçosa como eu. ;-)
ResponderEliminarPaula
Compreendo isso do tamanho, sim :) também demorei uma imensidão de tempo com este, o que às vezes se torna frustrante. Os diários li há dez anos, mais coisa, menos coisa. Achei a comunicação que a RdA fez da edição portuguesa tenebrosa...
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