Sendo este um livro amplamente premiado - incluindo em Angoulême -, estava na minha lista e aproveitei a oportunidade na Feira do Livro do ano passado (vejam como a publicação chega em data oportuna).
Em A Época das Rosas, Chloé Wary desenha, em caneta de feltro, o trajecto das Rosas de Rosigny, uma equipa de futebol feminina adolescente dos subúrbios de Paris. Seria de pensar que, com Yellowjackets, o espaço para futebol feminino adolescente da minha vida estaria já ocupado, mas a ideia do livro fascinou-me.
Mesmo não sendo eu fã de futebol, caso não tenha ficado exactamente claro, acho que este é um livro importante que toca em temas como o sexismo no desporto e também os sonhos das jovens raparigas, muitas vezes mais difíceis de conquistar que os dos rapazes. Bárbara, a protagonista, adora jogar futebol; joga nesta equipa muito unida, mais talentosa que a masculina, na qual tem um interesse romântico.
A equipa masculina não só tem menos talento como, ao contrário da feminina, não vê no desporto o seu desejo de carreira, mas um mero hobby; assim, quando uma das equipas tem de ser dispensada por não haver dinheiro para manter ambas, e é a masculina que consegue o financiamento necessário, as raparigas unem-se ainda mais para obter a visibilidade que julgam merecer, por jogarem num nível superior ao da equipa masculina.
Esta obra é, portanto, sobre a luta da equipa feminina para se fazer ver e ouvir num mundo machista, como é o do desporto, e do futebol em particular. É uma narrativa actual, bem escrita, pertinente e realista, que merece ser contada e lida, sobre as pequenas coisas que conseguem destruir um espírito colectivo.
Gostei muito da arte, colorida e atraente, que carrega muito bem a história, mas faltou, talvez, uma maior construção de personagens. A mãe de Bárbara, por exemplo, é uma personagem cujas motivações gostaria de ter compreendido melhor, e não me importaria se o livro tivesse muitas mais páginas.
Tradução de Tiago Marques.
4/5
Fiquei curiosa! Estou a adorar Yellowjackets :)
ResponderEliminaraqui não há desastres de avião nem viver na floresta, mas é um bom livro :) estou muito atrasada a ver!
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