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Lydie

O meu segundo encontro com a obra de Jordi Lafebre e Zidrou, após Verões Felizes.



Numa cinzenta manhã de Fevereiro, no Beco do Bebé com Bigode (de nome oficial Impasse Baron Van Dick), Camille, a filha "simples" do viúvo Augustin, o maquinista de locomotivas, tem uma filha de pai desconhecido, Lydie - nado-morta. O desdém pela Camille pecadora torna-se eventualmente pena; e a pena dos vizinhos por esta mãe cuja filha morre (não temos palavras para isto) torna-se choque quando, dois meses depois, Camille diz que, por milagre, a sua filha voltou para ela. Em vez de a confrontarem com a verdade, a comunidade do "Impasse" reage com empatia extrema, aceitando este devaneio de Camille.

Uma vizinha traz roupas que eram dos seus filhos, "para Lydie", outra traz uma boneca, outro faz-lhe uma cadeira, o padre acaba por a baptizar e tudo se torna mais complicado e elaborado e acaba por envolver toda a comunidade - todos fingem vê-la, não durante uns dias ou semanas, mas durante anos, e a bebé Lydie imaginária torna-se numa criança imaginária que vai à escola, numa jovem imaginária...

 

É um curto livro, de cerca de 60 páginas, mas com uma forte mensagem sobre empatia, comunidade e amor. Que se ganharia ao acabar com a felicidade de Camille? Quem sai prejudicado por este engano? Não é como se estivessem a fazer Camille de parva - estão a permitir que ela continue a sua vida.

Conhecemos toda a comunidade, as crianças más (que há sempre e em todo o lado), os velhos cuscos, as pessoas boas que agem por compaixão para com Camille e o seu pai. O tema do luto materno é delicado, e tratado como tal. O final também faz o leitor reflectir sobre o quão reais as coisas podem ser - o quão reais podemos permitir que sejam.

Fantástico como um livro tão curto pode conter tanto.

Tradução de Helena Romão

5/5

Podem comprar esta edição na wook ou, idealmente, junto da Arte de Autor ou d'A Seita.


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