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Mr Salary

A minha estreia com a muito aclamada Sally Rooney foi esta Faber Story . (aqui está uma capa que, com o p&b do kobo, não se destaca nada)  Já tinha lido um dos contos publicados pela Faber ( o da Sylvia Plath, claro ); também há um conto da Lorrie Moore que me atrai, mas tenho o  Anagrams  na estante há anos. Decidi, portanto, estrear-me com esta autora através da sua ficção curta. Muito disto foi por ter vastas dúvidas sobre o quão aprazível me será a sua obra, confesso - e muitas das dúvidas, poucas páginas volvidas, permanecem. Mr Salary  é sobre Sukie, uma rapariga com 24 anos, que tem uma relação complexa com Nathan, irmão de uma tia sua, 15 anos mais velho, que a acolheu enquanto ela estudava, jovem adulta, por dificuldades familiares. Sukie não conheceu a mãe e tem uma não-relação com o pai, pelo que Nathan preenche um pouco o vazio paterno, ao mesmo tempo que serve de interesse romântico. My love for him felt so total and so annihilating that it was often...

Girls In Their Married Bliss

O último da trilogia  The Country Girls. Com este volume, rematamos as aventuras de Baba e Caithleen (conhecida como "Kate" neste livro) - e temos direito àquele que é possivelmente o título mais sarcástico da história da literatura. Será importante referir a grande diferença deste livro, o mais curto da trilogia, relativamente aos dois anteriores: abandonamos Kate como narradora. Esta diferença estilística demarca-se ainda mais por a narração do livro alternar entre a voz em primeira pessoa da sua amiga de infância, Baba, e a vida de Kate na terceira pessoa. Se, no primeiro livro, tínhamos a parvoíce romântica típica de uma adolescente e, no segundo, o primeiro amor mais maduro de Caithleen (aos 20 anos, ainda não uma pessoa completa e formada),  Eugene, temos aqui o desenlace desse mesmo romance, que, no final do segundo volume, parecia terminado. No final do livro anterior, as raparigas tinham ido para Londres, e é em Londres que continuam, alguns anos...

Girl with Green Eyes

O segundo volume da trilogia The Country Girls , de Edna O'Brien. Girl with Green Eyes  foi originalmente publicado sob o título The Lonely Girl , em meados dos anos 1960, e dá continuidade ao agridoce  The Country Girls . No final do volume anterior, Caithleen e Baba conseguiram fugir do campo sobre-religioso para Dublin, estando a arrendar um quarto na casa de Joanna. É aqui que as reencontramos, desta feita para uma aventura mais desoladora. Este volume é uma história coming of age  que não terá nada de particularmente memorável, fora o facto de ter profundidade, ser credível e facilitar que o leitor entre no turbilhão de emoções que é o novo romance de Caithleen/Kate. Todo o livro trata do início, meio e fim desse romance - e é avassalador. É um amor jovem que faz com que o "special someone" de Caithleen vire o mundo dela do avesso. I knew that if I loved him enough I would put up with anything from him. A inocência e o estado mental de Kate e Baba são per...

The Country Girls

Desafio de Março : ler um clássico escrito por uma mulher. Tinha muitos candidatos para esta categoria na estante, tendo a selecção saído da ajuda do público (comecei a enumerar livros passíveis de encaixar e o meu namorado escolheu este). The Country Girls  é o primeiro livro de uma trilogia, escrita nos anos de 1960, e a cujas sequelas estou a dar seguimento. A Irlanda da primeira metade do século XX caracteriza-se pelo catolicismo intenso e pela forte pobreza. A família de Caithleen Brady, a protagonista e narradora, encaixa no perfil, e é profundamente disfuncional: o pai alcoólico, violento e ausente, a mãe sofredora, a quinta cada vez mais arruinada onde vivem. Os únicos consolos de Caithleen, de 14 anos, são a companhia da mãe, de Hickey, o trabalhador da quinta, e Brigitte "Baba" Brennan, a sua tóxica melhor amiga. O mundo de Caithleen muda subitamente quando a sua mãe sai de casa, para fugir ao pai - tendo depois de ficar em casa de Baba, depois a es...

Dubliners

Fazer uma review  de James Joyce é um desafio (embora menor que a aura de desafio em torno da obra do autor). Estando mentalmente preparada para um esforço tremendo para perceber James Joyce, naquela que foi a minha primeira experiência com o autor, fiquei surpreendida pela facilidade de não só ler mas também visualizar os residentes de Dublin circa  1900. Em 15 contos, temos um retrato desolador de uma cidade que se torna estranhamente familiar ao passar de cada página. O primeiro conto retrata a morte, bem como o último - começa e acaba em morte, e tudo no meio retrata vários pontos da vida (porque, algures no meio, há a vida), de forma singular mas discretamente cronológica. Muitos dos contos são poderosos por serem tão realistas. Destaco alguns: Counterparts , sobre o estereótipo alcoólico irlandês; Eveline , a jovem que quer fugir com um marinheiro; A Painful Case , sobre a solidão a que podemos condenar os outros; e a história final, The Dead , cujo prot...

Nobelpriset i litteratur

Tendo sido anunciado o laureado deste ano, deixo as minhas considerações sobre os autores (e obras) que já tive oportunidade de ler - e aqueles cujos livros tenho aqui por casa, à espera da sua oportunidade. 1921 - Knut Hamsun Este é dos que já li. Li apenas Hunger e Mistérios , cujas reviews podem ler seguindo os links . São ambos livros bastante diferentes mas muito bons, aproximando-se talvez um pouco da filosofia e partilhando imagens e sentimentos da Escandinávia; este prémio foi atribuído  for his monumental work, Growth of the Soil , que é sem dúvida mais um a acrescentar à infindável lista de livros para ler um dia. 1925 - George Bernard Shaw Muito antes de ter este blog li Pygmalion , obra que deu origem ao conhecido filme (e peça) My Fair Lady . Tenho uma edição da Europa-América com a Audrey Hepburn na capa que é possivelmente o único livro editado por eles que possuo do qual gosto: é uma edição bilingue, o que facilita a leitura das palavras de Eliza ...

Room

Mais um dia de baixa, mais um livro, mais uma review . Este livro começa no quinto aniversário de um rapaz, Jack. Jack é o narrador, e vive com a sua mãe, a quem chama apenas "Ma", num quarto confinado ao qual chama "Room". A mãe diz-lhe que tudo o que há na televisão é imaginário, e apenas o que há no quarto é real. Em consequência, Jack sente-se afeiçoado a objectos como o tapete, uma planta, a mesa, etc, e trata-os como se fossem seres vivos. Os dias de ambos são passados naquilo que Jack considera serem imensas coisas para fazer, ler os mesmos cinco livros vezes e vezes sem conta, comer, tomar banho, limpar as coisas, exercício, jogos, televisão (Dora the Explorer), ser amamentado e falar constrangedora e constantemente sobre que lado lhe sabe melhor - algo que a mãe claramente não considera suficiente - até que, chegada a noite, a mãe fecha Jack no armário para receber um homem a quem Jack chama " Old Nick " devido a algo que ouviu na tele...