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Mr Salary

A minha estreia com a muito aclamada Sally Rooney foi esta Faber Story.


(aqui está uma capa que, com o p&b do kobo, não se destaca nada) 

Já tinha lido um dos contos publicados pela Faber (o da Sylvia Plath, claro); também há um conto da Lorrie Moore que me atrai, mas tenho o Anagrams na estante há anos.

Decidi, portanto, estrear-me com esta autora através da sua ficção curta. Muito disto foi por ter vastas dúvidas sobre o quão aprazível me será a sua obra, confesso - e muitas das dúvidas, poucas páginas volvidas, permanecem.

Mr Salary é sobre Sukie, uma rapariga com 24 anos, que tem uma relação complexa com Nathan, irmão de uma tia sua, 15 anos mais velho, que a acolheu enquanto ela estudava, jovem adulta, por dificuldades familiares. Sukie não conheceu a mãe e tem uma não-relação com o pai, pelo que Nathan preenche um pouco o vazio paterno, ao mesmo tempo que serve de interesse romântico.

My love for him felt so total and so annihilating that it was often impossible for me to see him clearly at all. If he left my line of sight for more than a few seconds I couldn't even remember what his face looked like. 

A dinâmica entre ambos é esquisita, para dizer o mínimo. Sukie foi para Boston, mas volta a Dublin (com intenções de ficar) após saber da doença terminal do pai. Pede os custos da viagem, bem como a estadia, a Nathan, e recorda como, não muitos anos antes, ambos viam Twin Peaks juntos (uma série que explora, de certa forma, relações bastante complicadas entre homens adultos e raparigas adolescentes, convenhamos) e tinham uma intimidade bizarra.

It was in my nature to absorb large volumes of information during times of distress, like I could master the distress through intellectual dominance.

Como muitas raparigas de 20 e poucos anos, Sukie esconde-se numa muralha de gelo para evitar mostrar o seu lado vulnerável. Julgo que busca amor do seu pai, que não a reconhece, e de Nathan, que não retribui exactamente os seus sentimentos.

A história é curta, muito curta, e lê-se mais como um primeiro capítulo de algo maior do que como um conto (não sei, porém, se um romance com esta premissa me iria prender); sendo tão curta, acaba por não desenvolver a sério as várias nuances de uma relação tão complexa como a de Sukie e Nathan.

3/5

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Comentários

  1. Exactamente o que eu pensei: quando a história ia descolar, travou. Também lhe dei 3*.
    A história da Lorrie Moore foi a melhor desta colecção da Faber que li até agora. Pertence à colectânea Birds of America. A da Djuna Barnes também é um mimo!
    Paula

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    Respostas
    1. Também quero ler o da Djuna Barnes :) confesso que não foi com este que a Sally Rooney me encantou...

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