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Boule de Suif

Porque prometi que o próximo livro que lesse seria em francês (porque ando há dois anos a tentar aprender francês e desmotivo-me sempre).


Boule de suif foi-me recomendado há pouco mais de um ano, quando pedi sugestões de leituras francófonas que fossem simples e interessantes para me ajudar na missão de aprender francês. Este é um conto sobre uma prostituta, Elisabeth Rousset, mais conhecida por Boule de Suif ("Bola de Gordura", literalmente), e sobre a hipocrisia das classes altas.

Boule de Suif, uma mulher gorda, generosa e patriota, encontra-se num veículo com dois casais da burguesia, um conde e uma condessa, duas freiras e um democrata, todos com o objectivo comum de ir para Le Havre, tentando escapar às circunstâncias da guerra Franco-Prussiana, e que claramente a desprezam:

Mias bientôt la conversation reprit entre les trois dames que la présence de cette fille avait rendues subitement amies, presque intimes. Elles devaient faire, leur semblait-il, comme un fascieu de leurs dignités d'épouses en face de cette vendue sans vergogne; car l'amour légal le prend toujours de haut avec son libre confrère.

Isto, lá está, até ao momento em que precisam dela: a viagem demora mais que o esperado e, quando todos os passageiros ficam com fome, Boule de Suif, a única que se tinha precavido, partilhou com todos a sua comida - estes aceitaram, mesmo tendo em conta que a olhavam de cima.

Quando chegam a Tôtes, descobrem que esta cidade tinha sido ocupada, e ficam num hotel onde lhes é dito que não podem seguir viagem até que Boule de Suif aceite fazer favores sexuais ao oficial prussiano. Ela recusa, por princípio, e os outros passageiros, que ao início lhe dão razão, eventualmente querem ir embora e dão-lhe vário argumentos de lógica e moral para aceitar, passando pelo reles "mas fazes isso como profissão". Ela eventualmente aceita, sacrifica-se por eles - e eles julgam-na ainda mais que no início, recusando falar com ela e partilhar comida com ela como ela havia feito anteriormente. Uma das mulheres suspira de alívio por não se ter de sentar ao lado dela.

Boule de Suif chora pela sua dignidade.

Et Boule de suif pleurait toujours; et parfois un sanglot, qu'elle n'avait pu retenir, passait, entre deux couplets, dans les ténèbres.

4,5/5

Podem comprar esta edição aqui, ou em inglês aqui.

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