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Feira do Livro 2019

Este ano a loucura foi tal que cheguei a ir no primeiro dia.


Pior: fui nos três primeiros dias! Mas a justificação é simples: no primeiro dia, havia três livros do dia do meu interesse. No segundo dia, fui pela companhia (mas voltei com dois livros). No terceiro, novamente, livro do dia. Aproveitei para fazer uma missão de reconhecimento do espaço.

Eu raramente cedo a livros do dia, atenção: apenas quando sei que não estarão em Hora H, ou quando não sei se estarão. Vendo-me munida de tempo e disponibilidade, e havendo três muito tentadores livros do dia logo para a abertura, desloquei-me à Feira no primeiro dia - algo que nunca tinha feito. Aproveitei a calma, única do início de tarde de um dia de semana, e fiz também o estudo das editoras que pretendia visitar mais tarde (vulgo, em Hora H). Abri hostilidades no espaço da Ponto de Fuga/Grupo Narrativa, onde tive uma maravilhosa conversa com o representante da primeira, e acabei por trazer comigo um livro da segunda: Histórias da Meia-Noite, de Machado de Assis.

Fica o apelo a todos a investirem no Petzi - e a promessa de comprar, brevemente, a Antologia de Poesia Erótica e Satírica, editada por Natália Correia.

Na Orfeu Negro, adquiri o meu muito desejado Questões de Género, de Judith Butler; no lado das promoções da Relógio d'Água, avistei os Contos de Clarice Lispector (que não trouxe nesse dia porque não queria deixar a rainha do Tsundoku desamparada quando, no dia seguinte, ela viesse a Lisboa); no espaço da 20|20, comprei Vozes de Chernobyl, de Svetlana Alexievich, que estava há muito na wishlist, tendo-me apercebido, em conversa com um dos funcionários, que não entraria em Hora H.

No segundo dia da Feira, voltei pela companhia - a Rita, que veio de Alcobaça para frequentar a Feira do Livro em plena quinta à tarde - e adquiri o livro de contos da Clarice. Na Presença, vislumbrei Verão no Aquário, de Lygia Fagundes Telles, e ainda perguntei se tinham mais algum livro da autora; não tinham, e comprei o único não esgotado. Na sexta-feira, fui de propósito pelo livro do dia da FNAC (Watchmen, de Alan Moore, em inglês) e comprei também uma edição da Ulisseia que reúne algumas peças de Gil Vicente, algo que procurava há algum tempo (acho as edições de uma só peça muito caras para o que são, e esta foi pechincha de 2,50€).

Desloquei-me à Feira no primeiro dia de Hora H, 3 de Junho, sozinha (uma estreia) e decidi iniciar a minha demanda pela Bertrand/Porto Editora (também uma estreia). Comigo, vieram O Livro de Emma Reyes, Um Beijo Dado Mais Tarde de Maria Gabriela Llansol, Persépolis de Marjane Satrapi e Moda e Feminismos em Portugal de Cristina Duarte, todos em Hora H, e apenas Persépolis fora da wishlist (por já ter lido, da biblioteca - mas achei uma oportunidade tão boa para o ter na estante!).

Não trouxe o muito desejado Myra, de Maria Velho da Costa, por não ter Hora H - pode ser que tenha para o ano (como tinha, este ano, O Romance da Raposa. Hmpf!). Da Relógio D'Água, trouxe Crónicas do Mal de Amor, de Elena Ferrante, e da Babel O Mundo de Garfield, de Jim Davies. Tinha, em wishlist, Maçã no Escuro - mas optei por continuar a "tradição" de trazer um livro de Clarice por ano.

Por motivos de deslocação ao Porto, voltei à Feira apenas no dia 10. Comprei dois livros da colecção Grandes Vidas Portuguesas da Pato Lógico (Salgueiro Maia e Alfredo Keil), comi um hamburger e fui à Leya, com uma grande wishlist de terceiros não residentes em Lisboa em mãos e dois livros para mim em mente: Se Isto É Um Homem, de Primo Levi, e a Antologia Poética de Natália Correia. Ambos esgotados. O meu companheiro queria iniciar uma colecção de Michel Vaillant, após uma boa introdução no Festival de BD de Beja, e viu também a sua expectativa gorada. Alguns dos livros que me tinham "encomendado" estavam esgotados também.

Nunca tinha visto isto, mas costumo ir à Leya logo no primeiro dia de Hora H. Mais alguém já teve esta experiência de livros esgotados na Feira, ou foi um caos específico deste ano? Foi a primeira vez que saí da Leya sem comprar nada (para mim).

Já em saída, passando pela Europa-América, comentei com o meu namorado como eles nunca levam Jorge Amado para a Feira. Ele sugeriu que eu perguntasse na mesma; perante uma resposta positiva a "têm alguma coisa do Jorge Amado?", comecei a debitar títulos. Não tive sucesso com Os Pastores da Noite (quiçá na Festa do Livro de Belém?), mas trouxe A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água e O Sumiço da Santa.

Após tirar a foto, ainda regressei (na esperança da anunciada reposição de stock da Leya, que não abonou a meu favor) e comprei A História da Minha Mulher, de Milán Füst. Como vos correu esta aventura?

Comentários

  1. Também trouxe O livro de Emma Reyes e as Crónicas do mal de amor. E também fui à presença à procura de Ciranda de pedra ou As meninas da Lygia Fagundes Telles, mas estavam esgotados. Havia um stand pequeno com livros de autores brasileiros e também não tinham nada dela... Dos que compraste só li Vozes de Chernobyl e gostei muito :)

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    1. Pois, eu encontrei este do Aquário nos baratos/descontinuados deles e aproveitei para perguntar pelos outros... e confirmaram isso mesmo: esgotados. Acho que só em alfarrabistas ou lojas de segunda mão, infelizmente! Sinto que as editoras portuguesas deixam muitos autores brasileiros cair no desconhecido...

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  2. Ai que a tua pilha vai cair! Alguns autores que não conheço, como Milán Fust.
    Se os meus filhos vissem esse livro do Garfield... Sempre que vão à Feira da Bagageira, a caça ao tesouro deles são as inúmeras edições por cá publicadas.
    Eu vim da FLL ainda há bocado, para me despedir, com muita tristeza minha, mas não passei da zona dos alfarrabistas, que são a minha perdição. Duas brasileiras de lá: Hilda Hilst e uns contos da Lygia.
    Há muitos anos que vou sozinha, é o meu "me moment", mas este ano levei uma vez o meu filho mais velho para se estrear. Diz que já está a contar os dias que faltam para o ano que vem. Ah ah! E já não levo lista, vou ao sabor do vento. Este ano, desde que fosse autor que me interessasse e custasse até 5 euros, vinha!
    Não acredito, malvados! Estou convencida de que ias gostar da Myra.
    Desse livro da Llansol não passei da primeira página. Era tão estranho! Muito curiosa para ver o que achas.
    Paula
    P.S. - Quando andava na primária, fui a casa de uma colega para brincar com ela e passei a tarde a ler Petzi, porque não conhecia. A miúda foi queixar-se à mãe e nunca mais fui convidada. Já era tão sociável nessa altura! :-)

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    1. Haha, a pilha foi só para a foto! Senão, quiçá caísse...
      Também não conheço Milán Füst, mas a capa e a sinopse tinham-me intrigada já desde 2017 (aguardei pela possibilidade de Hora H, claro!). O catálogo da Cavalo de Ferro tem todo um encanto sobre mim... acabo por medir o que compensa comprar cá com Hora H (esse, por exemplo, foi 11€ - mas o autor não é extensamente traduzido em inglês, e acaba por compensar, estranhamente) (o autor não ser muito traduzido em inglês acrescenta ao seu desconhecimento geral, acho. O que me deixou mais curiosa ainda! Tem muito poucas classificações no Goodreads!) (já chega de parentes)
      Este livro do Garfield foi cerca de 18€, em Hora H :) vi alguém a adquirir, ouvi o preço e... rendi-me! 2019 é o ano dos gatos gordos laranja!
      Que maravilha! Quero ler Hilda Hilst, mas o único que ainda está facilmente disponível (o Obscénica) não me fascina por aí além... confesso que, infelizmente, não tenho a maior paciência ou capacidade para analisar os alfarrabistas. E é pena, porque claramente perco muito!
      O Myra há de acontecer, e também acredito que iria gostar :) infelizmente, o espaço Porto Editora/Bertrand é arbitrário relativamente aos livros que entram na Hora H, o que acho uma pena e um desperdício, por isso fica para o ano!
      Estou muito curiosa com Llansol desde que descobri a existência do Espaço Llansol (que, falha minha, ainda não visitei...) em Campo de Ourique. Talvez o leia ainda brevemente :)
      Essa história é deliciosa! Soa-me perfeitamente a algo que eu faria. Acho que precisas de adquirir Petzi :) Está na idade de algum dos garotos?

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    2. Sim, o mais novo tem 8 anos, é capaz de gostar do Petzi e dos seus amigos.
      Da Hilda Hilst comprei a Obscena Senhora D, portanto, da obscenidade não me livro! Vamos ver, não gosto de coisas muito explícitas. Mas falando em zuquinhas, já foste àquela livraria brasileira nova no Príncipe Real, a Livraria da Travessa? Eu não tenho ido para esses lados, mas tenho de ir espreitar em breve, visto que tem um horário fantástico, para ver se estão bem recheados.
      É verdade isso da Cavalo de Ferro: às vezes compro só porque é desta editora, mesmo não conhecendo o autor. Por exemplo, desta vez, naquele espaço, havia um Leve 4 e Pague 3, por isso, com os livros do meu filho trouxe Arde o Musgo Cinzento, de Thor Vilhjálmsson. Não sei NADA, mas o título e a capa chamaram por mim! :-)
      Paula

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    3. Agora quero ler Petzi...
      Obscenidades não faltarão, sem dúvida! O "Obscénica" tinha ilustrações que achei exageradas, estava na minha wishlist da FdLL do ano passado mas não o trouxe precisamente pelo desencanto ao folhear. Aguardo a tua opinião!
      Ainda não fui, porque também não tenho frequentado o Príncipe Real, mas estou muito curiosa - especialmente porque adoro Jorge Amado e outros dos seus conterrâneos, todos eles muito difíceis de cá encontrar, e tenho esperança que lá haja belas (e acessíveis) edições brasileiras! A ver se lá passo esta semana :)
      Eu da Cavalo de Ferro acabei por só trazer este, mas para o ano passo lá com mais dedicação, sem qualquer dúvida. Eles têm tantos autores nórdicos obscuros (além da Selma Lagerlöf, que de obscura não devia ter nada)! Esse também não conheço, mas já estou ansiosa para saber mais!

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  3. Pois, como moro no meio do Atlântico não tenho hipótese de ir à feira do livro este ano, contudo nos dias da inauguração houve uma promoção na wook e optei por comprar 7 obras de laureados com o Nobel, alguns para os conhecer em primeira mão (Le Clézio, Pirandello e Canetti), outros para lhes dar uma segunda oportunidade (Bellow e Grass) e outros por gostar mesmo (Andric e Beckett)

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    1. É, infelizmente a Feira, nestes moldes, só se faz em Lisboa... mas algumas lojas, e mesmo editoras, tentam compensar de algum modo: recomendo a Relógio D'Água, que tem um desconto simpático online, ainda disponível este fim de semana.
      Também quero conhecer alguns desses nomes. Beckett tenho uma compilação para ler, de Bellow só li Humboldt's Gift e confesso que gostei muito.

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  4. Que compras boas e fico feliz por teres oportunidade de ir 3 dias à Feira. Aqui a menina é do Porto e este ano não consegui ir. Fui pela primeira vez no ano passado, mas com muito planejamento e acabei num avião e a passar a noite num hotel, por caso tudo junto nem achei caro (80€), mas é dinheiro que não posso gastar em livros. Talvez para o ano consiga ir.
    Beijinhos, Fofocas Literárias

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    1. Fui mais do que três dias - fui é nos três primeiros...
      É verdade, para quem não é de Lisboa, o preço da deslocação acaba por não compensar os eventuais descontos. Uma alternativa poderá ser conhecer alguém em Lisboa com quem ficar, ou que faça as compras e te faça chegar os livros...
      Beijinhos :)

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