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Os Vencidos da História

Consta que, dos vencidos, não reza a história.


José Jorge Letria pega nessa premissa para escrever e celebrar os derrotados célebres da História, considerando-os enquanto tendo tido um papel importante, seja em futuras vitórias, seja ao mudar o curso dos eventos. Transcende, assim, a ideia de "vencidos" e "vencedores", demonstrando empatia para com o comummente considerado como vencido.

Apesar de os vencidos serem frequentemente considerados como invisíveis, aqui temos breves relatos de derrotados célebres, como sendo Júlio César ou Napoleão. Ou seja, o único ponto comum nos biografados é o seu aparente fracasso: temos personalidades de várias épocas, âmbitos, posicionamentos políticos e geográficos. Temos vencidos que foram heróis, como Aristides de Sousa Mendes, vencidos que foram vítimas de repressão ou mártires e vencidos que foram tiranos e ditadores.

Ao darmos prioridade à memória, em detrimento da História oficial, damos voz aos vencidos, aos oprimidos, aos injustiçados; e é-nos dada informação que não costuma constar nos livros dessa mesma História.

Claro que, aqui, José Jorge Letria não pegou nos mais ilustres desconhecidos, mas em ilustres derrotados; vencedores que sofreram derrotas, vencidos que alcançaram grandes feitos, e outros que não chegam sequer a ser admiráveis. Há heróis, mas não há aqui uma narrativa somente sobre o "bem" e o "mal". E a perspectiva é interessante, pois nem todos os nomes aqui enunciados são nomes que veríamos como sendo "vencidos".

O ponto fraco do livro é o mesmo que se aplica a todos os livros do género: a história inevitavelmente breve e resumida que nos é apresentada, de apenas umas poucas páginas, pois, é claro, não se trata de uma biografia completa destas personagens (sendo que algumas o justificariam). Mas o objectivo do livro passa precisamente por dar uma ideia sobre os percursos destes vencidos, e mostrar como até as derrotas os tornaram ilustres e mudaram o rumo das coisas.

3,5/5

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Comentários

  1. Mal comecei a ler o teu post achei a ideia para o livro interessante mas pensei também que seria mais uma obra com o mesmo ponto fraco de todas as do género - ponto fraco que virias a falar no fim do post -, o tal de saber sempre a pouco, não passando de um livro como introdução a outros, no sentido de fazer despertar a curiosidade e nada mais
    Sinto que muitos autores portugueses fazem isso, nunca vão a fundo nestes tópicos, escrevem umas coisas e vendem uns livros e está feito
    Nada contra este autor ou outros que tenham obras do género mas chateia porque são oportunidades desperdiçadas, oportunidades dos leitores, que podiam usar melhor o seu tempo, go big or go home

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    Respostas
    1. Acho que é um mal não de autores portugueses, mas de qualquer livro que ambicione várias biografias ao mesmo tempo. Os "Goodnight Stories for Rebel Girls" padecem do mesmo mal, embora isso seja apenas visível (ou talvez mais vísivel) no leitor adulto.
      Acho este livro interessante por encontrar um ponto comum em personalidades tão diversas, todas elas tão marcantes por motivos diferentes! E isso é um enorme ponto a seu favor.

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