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Gente Melancolicamente Louca

Opinião algo atrasada, por parte de alguém que tem estado com pouca cabeça para leituras.



Li Gente melancolicamente louca, de Teresa Veiga, no âmbito de alguns projectos (a saber, o #abrilcontosmil e o #12meses12portugueses). Tendo outras opções da autora na estante, peguei neste por me parecer ser aquele que é tido, mais consensualmente, como sendo o seu melhor.


Isto, por vezes, é um erro. Por um lado, porque é apenas o segundo livro da autora que leio (o anterior foi Uma Aventura Secreta do Marquês de Bradomín), o que poderia arruinar leituras futuras; por outro, pelas expectativas e pela possibilidade de não as ver correspondidas. Devo confessar que foi precisamente isto que aconteceu.


Gosto muito de ler contos, pela sua brevidade, pela capacidade de dizer muito em pouco espaço, mas não sei se serei a melhor leitora de contos. Há contistas dos quais gosto muito, é certo, mas há muitos livros de contos dos quais me ficam apenas um ou dois, ou uma noção vaga (e, por vezes, nem tanto). Julgo que isto se deve, frequentemente, ou ao carácter mais marcante e "reconhecido" de certos contos (por exemplo, do meu volume de The Yellow Wallpaper and other stories, não recordo nenhuma das other stories, sendo o conto do título a obra pela qual Charlotte Perkins Gilman mais ficou conhecida), mas também à algo frequente heterogeneidade entre contos.


Tanta virtude e tanta maldade, tanta miséria, tanta resignação, tanta beleza, tanta infelicidade e no fim uma fortuna caída dos céus... Há efectivamente um excesso melodramático, um acumular de tensões com o seu quê de inexplicável. Enfim...


Aqui, não foi o caso: os onze contos deste volume parecem-me equilibrados, uns mais longos que outros, é certo, e, ainda assim, não fui capaz de gostar de todos por igual (creio que, alguns, nem sequer percebi na totalidade). A escrita, perfeitamente clara, estruturada, eloquente; o meu agrado com os contos, muito irregular. Existe um sentimento de insatisfação, inconclusão, com algumas das narrativas.


3,5/5


Podem comprar esta edição na wook, ou na Bertrand



Comentários

  1. Tiveste a mesma reacção que eu a estes contos. Continuo a apregoar que o "Jacobo", que ainda deve estar esgotado, é o melhor da Teresa Veiga, mas os contos são mais disruptivos e negros.
    Paula

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    Respostas
    1. Tenho o Jacobo, à espera na estante, mas tenho. Aproveito para informar que a Cotovia deixará de aceitar encomendas (por email) dia 31 :( já fiz a derradeira encomenda. A Fernanda Mira Barros tem vindo a fazer leituras maravilhosas em vídeo, que partilha no Facebook da editora.

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    2. E depois, Bárbara, sabes? Que farão eles aos livros que ainda têm em stock? Eu adoro encontrar livros deles esgotados e em segunda-mão nos alfarrabistas, mas a Cotovia ainda deve ter um manancial que muita gente gostaria de comprar.
      Paula

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    3. Os de poesia foram comprados por uma livraria de poesia cujo nome não me recordo agora. Poesia Incompleta? Algo assim. Há dois ou três que estão na Companhia Portugueza do Chá. Pelo que disseram no Facebook, houve algumas propostas de comprar o acervo, mas nenhuma delas fruiu. Tenho vindo a fazer algumas encomendas ao longo dos meses desde o anúncio. Mesmo livros esgotados, eles têm alguns. Creio que o melhor será enviares um email a perguntar por algum acerca do qual possas ter particular interesse :) os livros virão a ter algum destino, é claro (e que, tendo em conta a postura da editora, duvido que venha a ser a guilhotina ou a fogueira), mas este é ainda incerto...

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