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Mensagens

A mostrar mensagens de outubro, 2021

The Woman in White

O desafio para Outubro era ler um livro gótico, ou de terror. Peguei, então, neste clássico gótico, que residia há anos na estante, devido à sua dimensão, em parte, e a algum desinteresse recente quando a vitorianos (após ter lido vários dos mais populares). Foi, ainda assim, uma surpresa quando percebi aquilo que tinha aqui por ler: um percursor do género do mistério. Este é um livro narrado por vários narradores diferentes, com vários intervenientes da história a juntar a sua peça do puzzle, o seu testemunho, sendo aquele que inicia e termina a história Walter Hartright. Walter é um professor de desenho que, graças a um amigo de origem italiana, cuja vida terá salvado, encontra uma posição numa casa remota em Cumberland, enquanto tutor de duas jovens raparigas órfãs de alta sociedade. Este contexto orientou-me logo na direcção errada da história - a mansão remota, meio vazia... - e isso foi uma agradável surpresa. Logo nas primeiras páginas, na noite antes de rumar a Norte, encontra...

Pedro Páramo

Quando a mĂŁe de Juan Preciado morre, fá-lo prometer que irá a Comala, sua terra natal e terra onde viveria ainda o seu pai, Pedro Páramo. - El olvido en que nos tuvo, mi hijo, cĂłbraselo caro. - AsĂ­ lo harĂ©, madre. O livro começa, assim, de forma bastante convencional: a viagem de um jovem Ă  terra (aldeia) do seu pai, numa espĂ©cie de inversĂŁo d' O Estrangeiro , em que o personagem vai ao encontro da mĂŁe, recentemente morta (hoje? Ontem?). Perto de Comala, Ă© guiado por Abundio, tambĂ©m ele filho de Pedro Páramo, e o cenário Ă© desolador: - (...)  Âż QuĂ© pasĂł por aqui? - Un correcaminos, señor. AsĂ­ les nombran a esos pájaros. - No, yo preguntaba por el pueblo, que se ve tan solo, como si estuviera abandonado. Parece que no lo habitara nadie. - No es que lo parezca. AsĂ­ es. AquĂ­ no vive nadie. - ÂżY Pedro Páramo? - Pedro Páramo muriĂł hace muchos años. Chegando a Comala, no entanto, Preciado cruza-se com vários personagens - Eduviges, em cuja casa Abundio lhe sugerira ficar, Damiana Cisner...

Um castelo em Ipanema

Queria há já algum tempo ler Martha Batalha e comecei por este por ter a ideia que A Vida InvisĂ­vel de EurĂ­dice GusmĂŁo  Ă© melhor. Um castelo em Ipanema  tem, no Brasil, o tĂ­tulo de Nunca houve um castelo  (frase que Ă© proferida mais para o final do livro). Já dizia Tolstoy que as famĂ­lias infelizes tĂŞm todas histĂłrias diferentes - aqui, seguimos trĂŞs gerações infelizes da famĂ­lia Jansson, começando com Johan Edward Jansson, ainda na SuĂ©cia, que emigra para o Brasil, no papel de cĂ´nsul, com a sua esposa, Brigitta, de modo a fugir das vozes que esta ouve (tentando despistá-las pelo caminho transatlântico). Em Ipanema, zona ainda em construção e deserta, constroem um castelo para a sua famĂ­lia, dando inĂ­cio Ă  urbanização do local. Uma pequena ressalva - houve efectivamente um cĂ´nsul sueco chamado Johan Edward Jansson , que construiu um pequeno castelo em Ipanema . A existĂŞncia deste castelo, que veio a ser demolido nos anos 60, aparentemente desconhecida por muitos, tem...

The Guest Cat

Decidi ler este livro pelo motivo Ăłbvio: gatos. Sinto que há uma mirĂ­ade de livros mais ou menos recentes, de autores japoneses, que mencionam gatos, seja no tĂ­tulo, seja na obra em si, e este poderá ser "apenas mais um" desses livros; tenho, no entanto, interesse em vários, incluindo aquele que tem tĂ­tulo de livro de terror . The Guest Cat  Ă© um pequeno livro narrado por um homem que, com a sua mulher, tem uma vida pacĂ­fica e atĂ© mesmo vazia e estĂ©ril. Um escritor, a outra revisora, trabalham ambos a partir de casa - no caso deles, um anexo que arrendam a uma senhora de idade e ao seu marido doente. A casa e o anexo (" guesthouse ") ficam num vasto terreno com um jardim maravilhoso e um lago, cuidados pela proprietária; o narrador e a sua esposa sĂŁo altamente comprometidos com os seus respectivos trabalhos, mal interagindo um com o outro, mal saindo das suas secretárias, aproveitando muito pouco o que os rodeia. Um dia, Chibi, uma pequena gata da rua, Ă© adoptada po...

Mary Ventura and the Ninth Kingdom

A publicação desta histĂłria inĂ©dita de Sylvia Plath tinha-me prendido desde o inĂ­cio (evento emocionante apenas para nerds  da literatura; ainda estou Ă  espera dos Salingers prometidos em talvez 2013...) Mary Ventura and the Ninth Kingdom  foi escrito por Sylvia Plath em 1952, quando esta tinha 20 anos e ainda era estudante. Submeteu o conto Ă  revista Mademoiselle , mas foi rejeitado e colocado na gaveta, atĂ© que a Faber o "resgatou" e decidiu publicar. Em 1952, Sylvia ainda nĂŁo tinha feito o estágio que inspirou, posteriormente, The Bell Jar , ainda nĂŁo tinha tentado o suicĂ­dio pela primeira vez, ainda nĂŁo tinha conhecido Ted Hughes. Morreria, por suicĂ­dio, dez anos mais tarde. Conhecemos Mary Ventura (nome de uma antiga colega de escola de Sylvia) ainda com os seus pais, numa estação de comboio. Mary vai fazer uma viagem, sozinha, a contra-gosto, mas coagida pelos pais. Mary vai para "Norte", para um destino que desconhece, e nĂŁo percebe por que motivo vai - tem r...

Os Regressos

Conheço muito pouco do que se faz de nona arte em Portugal. Foi, portanto, de espĂ­rito muito aberto que me debrucei sobre Os Regressos , de Pedro Moura e Marta Teives, livro que diria que li na altura do ano ideal - meados de Agosto. Ao contrário de Madalena, a protagonista do livro, fui nascida e criada na cidade, mas com uma infância de romaria anual (bi-anual, na verdade) a uma aldeia tĂ­pica - onde todos se conhecem, que fica a uma muito longa viagem de distância do local de residĂŞncia.   O nosso primeiro encontro com Madalena, a protagonista, Ă© na longa viagem de comboio que a levará Ă  terra onde cresceu, criada pela avĂł que sabe que nĂŁo irá mais encontrar. Na casa, vazia, Ă© inundada por memĂłrias agridoces, que dĂŁo subtilmente a entender que algo está errado (detalhes que convidam muito a uma releitura!). É neste meio bucĂłlico e lento, onde Madalena diz que vai "para descansar", que a vemos a passar por um processo que parece, inicialmente, de luto pela avĂł - mas que tem ...

2021 | Setembro

Setembro foi um mĂŞs muito irregular e esquisito. Comprados & Recebidos AlĂ©m da Feira do Livro (sendo que, em Setembro, sĂł adquiri mais um alĂ©m dos já adquiridos dia 30 de Agosto), comprei, em Espanha e por recuerdo , o Capitán Alatriste , de Perez-Reverte; encomendei em inglĂŞs o If this Is a Man , de Primo Levi, numa edição que inclui tambĂ©m The Truce  (desisti mesmo de o comprar na LeYa); do destralhanço da Tininha , o Girl Meets Boy  de Ali Smith; em termos de novidades, tenho a adaptação para novela gráfica do Anne of Green Gables  (cujo original ainda nĂŁo li nem possuo, oops), o Alcateia , de Carlos de Oliveira (adorei Uma Abelha na Chuva ) e comprei em prĂ©-venda o Red Comet , de Heather Clarke, mas claro que houve rutura de stock ou algo do gĂ©nero e ainda cá nĂŁo chegou, sĂł lá para meados de Outubro, nĂ©? Lidos Fui de fĂ©rias e levei coisas aleatĂłrias que me pareceram leves. Depois, continuei por emprĂ©stimos, desafio dos clássicos e vontades aleatĂłrias. Assim, Sete...