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Pele de Homem

Uma novela gráfica imperdível, de Zanzim e Hubert.



Na Itália Renascentista, Bianca, de 18 anos, está noiva de Giovanni, um homem que não conhece, que avista apenas da distância (e da segurança) da sua varanda, como mandam os bons costumes da época para uma menina de boas famílias. O seu maior desejo é que pudesse, antes de casar, conhecer o homem com quem os pais combinaram o seu casamento - e aqui entra a sua madrinha, com uma herança de família, passada entre as mulheres da família: uma pele de homem, um disfarce mágico que a vai fazer aparentar ser um homem, de modo a poder frequentar os mesmos lugares que estes e conhecer o seu noivo sem os escrutínios sociais e familiares.

Assim, Bianca, vestida de Lorenzo, pode percorrer a cidade (e até o mundo) descobrindo como vivem os homens e tem imensas novas experiências, aventuras, e uma nova perspectiva sobre a cidade onde sempre viveu e que só conhecia de dentro de muralhas. E é claro que, como acontece com a maioria dos desejos, Bianca conhece, de facto, o seu noivo, mas as coisas não correm como ela imaginava.

Bianca tem muita coragem e vontade de compreender o que a rodeia - ela não se torna assim de repente, sempre tivera curiosidade e vontade de ser ouvida, mesmo num contexto que reprimia vários comportamentos às mulheres (considerados normais nos homens). É tudo natural, nunca forçado. 


 



A acção desenrola-se num clima de fervor religioso, sendo o irmão de Bianca um padre puritano e aguerrido, que acumula poder social. Além de feminismo, expressão e identidade de género e sexualidade, esta obra também nos fala de resistência, de papéis de género, o peso das expectativas sociais, dos costumes e da família, dos perigos do puritanismo e do fanatismo religioso. E todos estes temas são tratados com muita delicadeza.

Gostei muito da arte de Zanzim, criativa e expressiva, com a utilização do corpo humano e da nudez de forma sempre natural. O estilo remete suficientemente para a arte medieval para poder evocar a época, não perdendo simplicidade.

Tradução de José Hartvig de Freitas

5/5



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