Tentando escrever esta em jeito de despedida do Verão.
Nesta série, da qual já tinha aqui falado do primeiro livro, seguimos a família Faldérault em várias memórias de férias de verão contadas de forma não cronológica, com todo o agridoce que, muitas vezes, o convívio familiar sem "contratempos" como o trabalho acaba por trazer.
Na primeira história deste segundo volume, retrocedemos ainda mais no tempo do que no primeiro volume: é 1962 e a jovem Madeline (Madô), com a ainda bebé Nicole e a pequena Julie, aguardam, tal como no primeiro volume, que Pierre termine o seu trabalho, para poderem partir de férias em família, desta feita com os pais dela, para Saint-Étienne.
Ao se fazerem acompanhar pela geração anterior, temos acesso a outras memórias, a outros tempos na história, como memórias da guerra que não tinha acabado há assim tanto tempo. A narrativa tem várias situações familiares típicas, mesmo para quem não viveu em 1962 - o trânsito, as preocupações alimentares por motivos de saúde (o avô e as desejadas batatas fritas), o stress dos jovens pais. Por terem ido com os sogros, para Saint-Etienne, não se tratam das férias de sonho de Pierre, que queria acampar, fazer piqueniques, seguir por estradas secundárias.
A melancolia e a nostalgia enche as páginas desta história, mais uma vez disfarçando o mau com o bom que permanece nas memórias e que faz sentir que valeu tudo a pena, não obstante todas as desilusões. Talvez por todo o background que os pais de Madô fornecem, diria que este volume é o melhor conseguido no que respeita à caracterização dos personagens.
Na segunda história deste volume, o salto temporal é enorme - estamos de repente em 1980: Nicole, que era bebé na história imediatamente antes, leva um namorado, por exemplo. Em 1980, como em 1962 e em todos os outros anos, os Faldérault partem para o Sul de França na sua 4L, mas em 1980, ao contrário dos outros anos, Pierre consegue acabar o seu trabalho a tempo e não atrasa a partida da família.
Por já estarmos a seguir estes personagens há quatro histórias, estamos já envolvidos emocionalmente com esta família, com os seus rituais e hábitos de verão, as suas dinâmicas entre si. Neste volume em particular, estão já tão crescidas as filhas mais velhas, Julie-Jolie e Nicole, que sentimos que poderá ser o último verão que passam em família, trazendo desde logo alguma melancolia mesmo antes de partirem em férias.
E estando já crescidos os filhos (Louis, o mais novo, terá 12 anos), a família decide que não é mais altura de acampar. Assim, Pierre e o seu irmão fazem um negócio para construir uma casa de férias a Sul, sonhando com o conforto de uma segunda casa onde poderão repousar. Porém, e como nos outros volumes, as férias não irão correr como desejado e, quando Pierre e os filhos (e o namorado de Nicole) chegam, têm uma infeliz surpresa.
Mas, e também como nos outros volumes em que houve sempre alguma desilusão ou imprevisto, a família prova a si mesma que o que importa é estarem juntos, enfrentando a situação com muito bom humor (demasiado para a situação, na minha opinião).
Tradução de Helena Romão
5/5 só me falta ler um volume!
Podem comprar directamente à editora.
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