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Aldeia Nova

Small town Alentejo.


Esta obra, um conjunto de contos, reúne episódios ou vividos pela família do autor, ou imaginados, todos eles no Alentejo. São contos de miséria financeira e emocional, nos quais se sente uma sequência cronológica, não só pelo lugar, físico, onde acontecem, mas por acompanharem Rui Parral desde a infância até não talvez a velhice, mas o momento em que é o único membro sobrevivente da sua família.

De certa forma, lembra Winesburg, Ohio, de Sherwood Anderson, obra que eu acho fundamental para muito que foi escrito no séc. XX nos Estados Unidos, que entre os seus contos se foca no crescimento de uma personagem, George, que consegue fugir à cidade pequena onde vivia.

Maria Campaniça sente ainda mais fundo o peso dos filhos e da solidão que enche o vale. Ela também quisera partir quando era solteira e mesmo depois de viver com o seu homem. Quisera partir... Agora sonhou aquele sonho: morrer de velha em Valgato. As palavras da mãe aí estavam:
 - Que parvidade, moça! Então onde haveras de morrer?

O conto mais marcante é, talvez, O primeiro camarada que ficou no caminho, que relata como o irmão de Rui morre em criança, e Rui se vê privado da companhia da mãe e do irmão, seu melhor amigo, sem perceber ao certo o porquê.

Os vários contos relatam experiências que parecem agora anacrónicas, mas que são fáceis de imaginar no início do século XX em aldeias: o duro trabalho do campo, as condições sub-humanas, as personagens quase estereotipadas.

No último conto, Nortada, Rui Parral regressa à aldeia, Cerromaior, onde já ninguém o conhece e onde já não tem família. A casa que fora da sua família, que fora sua enquanto criança, está degradada e abandonada, e Rui vê fantasmas do seu passado, da miséria e do abandono e do tempo.

3.5/5

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