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Academy Awards

Confesso que não tenho grande ligação com os Oscars, e não tenho a maior ligação com cinema em geral.


Este ano, apenas três dos nomeados para Melhor Filme são baseados em livros (e confesso que não vi nenhum). Aqui ficam, no entanto, alguns antigos vencedores de anos anteriores: aqueles que já li ou que tenho na estante por ler.

1930: All Quiet on the Western Front
Já vi o filme, e posso tirar este livro da estante do meu namorado: um livro de um veterano alemão da I Guerra Mundial, no qual retrata esta mesma Guerra, os horrores físicos e mentais vividos pelos soldados, e a sensação de não-pertença ao regressar da guerra.

1939: Gone With the Wind
Livro e filme ambos de proporções larger than life, tanto por terem 900 páginas/cerca de quatro horas, como por retratarem tantas dificuldades e resiliência juntas numa época de mudança. Ambos investimentos enormes de tempo, é certo, mas ambos com retribuição garantida: é impossível ficar indiferente a Scarlett O'Hara. Note-se que Hattie McDaniel ganhou o Oscar de Melhor Actriz Secundária, a primeira pessoa de cor a ganhar um Oscar.

1940: Rebecca
Começa aqui a vergonha: nunca vi este filme. Já li, no entanto, o livro: um óptimo mistério gótico , que creio que dispensa apresentações, com personagens complexas e suspense forte. Uma presença de uma ex-mulher mais pesada ainda que a de Bertha em Jane Eyre.

1941: How Green Was My Valley
Não vi o filme, não li o livro, mas tenho ali na estante por ler. Obra de Richard Llewellyn, How Green Was my Valley retrata uma família e comunidade mineira em Gales.

1964: My Fair Lady
Conhecido musical com Audrey Hepburn no papel de Eliza Doolittle, baseado em Pygmalion, peça de George Bernard Shaw, cujo título sai do mito grego: Pygmalion, escultor, apaixona-se por uma estátua sua, tendo basicamente criado a mulher perfeita. Aqui, Henry Higgins, professor de fonética, pega na florista Eliza e torna-a na mulher perfeita, elegante e sofisticada. Dos poucos musicais que gosto, por ser pouco pesado em termos de música, e das primeiras peças que li, numa edição bilingue da Europa-América.

1972: The Godfather
Este também é um bocado "da vergonha" porque li o livro antes de ver o filme: e não foi há tanto tempo assim, como podem constatar por esta review. O livro é um bocado trashy e o filme, inteligentemente, não inclui essas partes (ninguém precisa de ser definido pelo tamanho dos seus genitais). Uma das minhas memórias mais bonitas relaciona-se com ter visto este filme, bem como a sua sequela.

1975: One Flew Over the Cuckoo's Nest
Outro da vergonha! Li este livro há pouco mais de seis anos, durante um semestre complicado na faculdade. O livro é muito forte, muito bonito e, recheado de personagens inesquecíveis, tocou-me profundamente. Posto isto, demorei o semestre inteiro a lê-lo, e nunca vi o filme.

2003: Lord of the Rings: The Return of the King
E mais outro, embora este eu tenha visto (e lido posteriormente). O meu livro e filme preferidos da saga, Éowyin contra os Nazgúl, toda a história do Aragorn, I am glad you are here with me. Here at the end of all things, Sam.Vale a pena.

2013: 12 Years a Slave
Li o livro e fui alegremente ver o filme, que tinha gravado na box com esse propósito. O filme começou logo de forma estranhamente sexualizada (algo que não apareceu no livro). Reconheço a importância não só do livro, como de terem feito um filme baseado nele - até porque o livro estava já esquecido, algo que não devia poder acontecer com narrativas reais sobre um homem livre, que sempre o fora, que foi raptado e tornado escravo. Portanto o awareness criado pelo filme é óptimo - sexualizarem-no e tomarem certas liberdades com uma biografia não.


Por outro lado, filmes nomeados para Melhor Filme, igualmente baseados em livros, que não ganharam (livros que recomendo, portanto):

The Curious Case of Benjamin Button, conto de Fitzgerald cuja adaptação ainda hoje me confunde: seja pela duração que atribuíram, em filme, a um conto de pouco mais de 30 páginas, seja por muitos dos eventos incluídos no filme. Acrescento que não sou particularmente fã dos contos de Fitzgerald, preferindo a sua ficção mais longa.

Room, de Emma Donoghue, sobre uma mulher raptada e mantida em cativeiro, e o seu filho que, tendo nascido nessa situação, nunca conheceu o mundo "lá fora".

Extremely Loud and Incredibly Close, de Jonathan Safran Foer, sobre um rapaz cujo pai morreu no 9/11, e como ele lidou com o final abrupto da sua relação.

Atonement, de Ian McEwan, sobre como uma mentira mudou várias vidas, e a tentativa de pedir perdão quando já é demasiado tarde - e aquele icónico vestido verde da Keira Knightley.

Doctor Zhivago, de Boris Pasternak. Confesso que não fui a maior fã deste dramalhão russo - os diálogos fazem de uma boa história isso mesmo, um dramalhão -, mas não consigo deixar de recomendar.

The Reader, de Bernhard Schlink, sobre a culpa e a vergonha alemãs relativamente ao Holocausto.

Of Mice and Men, de John Steinbeck, um dos meus livros preferidos e um cuja história, em livro e nas adaptações em filme, não falha em me emocionar. Amizade verdadeira, dificuldades na California dos 1930s. And I get to tend the rabbits.

Wuthering Heights, de Emily Brontë. O filme de 1939 conta apenas metade da história, mas o livro é dos mais fortes que já li. Não é um romance comum - discutivelmente, não é sequer um romance, mas uma história de ódio, de rancor, da liberdade perdida.

A Farewell to Arms, de Ernest Hemingway. Um dos meus Hemingways preferidos, um romance, um livro de guerra, o desencantamento de quem já perdeu tudo e procura substituir o que nunca mais irá recuperar.

Great Expectations, de Charles Dickens, é um dos meus livros preferidos e um dos primeiros que li em inglês. Lembro-me de ver o filme de 1946 e não ter ficado particularmente entusiasmada com as omissões, embora perceba que Dickens pode ser demasiado verboso para incluir cada detalhe em filme. Enquanto os dilemas de Pip são intemporais, Miss Havisham é das personagens mais inesquecíveis de sempre, e Estella será eternamente fascinante.

A Room with a View, de EM Forster, é o romance ideal para quem sonha em ir a Florença, correr em campos floridos e derrubar convenções sociais.

Les Liaisons Dangereuses, de Choderlos de Laclos, é um livro do qual gostei tanto que li duas vezes. Intrigas, vinganças, destruições de carácter e de vidas - e, possivelmente, o verdadeiro amor.

Comentários

  1. Oh Deus, o Extremely Loud é de uma tristeza e de uma candura tão grandes. Ainda me lembro de andar a ler esse livro nos meus commutes do tempo da universidade e as lágrimas me escorrerem pela cara no autocarro :/ Geralmente não vejo o filme se gostei do livro e vice-versa. Tenho cada vez menos paciência para ver filmes, aliás, por isso normalmente os livros ganham. As séries estão muitos degraus à frente na qualidade e desenvolvimento das personagens, um filme sabe-me a pouco. The Reader também gostei muito (filme), e do Dangerous Liaisons também, filme e livro (como o filme é adaptação moderna não conta na minha regra do ou vejo um ou leio o outro). Nessa lista estão muitos clássicos que vergonhosamente ainda não ataquei.

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    1. Lembro-me de o leres Sara! De teres também no teu blog :) não vi o filme desse, mas gostei muito do livro também, especialmente da história dos avós. O Dangerous Liaisons tem não só o "Cruel Intentions" com a Sarah Michelle Gellar mas este Dangerous Liaisons: http://www.imdb.com/title/tt0094947/ que é muito bom! Obrigado novamente pela edição em francês :)

      Clássicos como em livros ou do cinema? Os do cinema confesso que não ataquei quase nenhum... quanto aos livros, se quiseres alguma ideia de onde começar avisa :D

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    2. Ooh, se está no blog não é do tempo da universidade então, é um pouquinho mais recente. Mas eram commutes para Lisboa de autocarro na mesma :)
      Sim, referia-me ao Cruel Intentions! Gostei bastante, ainda que seja um bocado diferente do livro e não só por ser atual. E clássicos refiro-me a livros sim. Tinha passado há pouco tempo pelo Cuckoo e o Gone With the Wind. Os das guerras, também, mas não me anda a apetecer deprimir.

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    3. Talvez do teu estágio pós-mestrado? Não é muito mais recente, se for o caso :p

      gosto muito do Cruel Intentions! O Gone with the Wind é um colosso de livro mas vale imenso a pena, embora assuma que sim, deprime; o Rebecca é possivelmente uma boa opção! Protagonista feminina fraca, mas muitas outras mulheres muito fortes!

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  2. Post curioso, gostei muito
    Já li alguns dos livros que referiste e vi também alguns filmes referidos, alguns contigo como sabes :p recomendo veres o One Flew Over the Cuckoo's Nest sem dúvida

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    1. Espero que tenhas gostado muito de ver O Padrinho comigo :p irei ver, irei ver :$

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