Criminal a demonstrar que nunca desilude.
Ellie tem 21 anos e está num centro de rehab. Estando lá forçada e não acreditando na utilidade do rehab, não só não julga ter um problema, como glamouriza o uso das drogas e todos os seus heróis e referências são artistas famosos com problemas de drogas.
Lá, conhece Skip, um rapaz jovem, que ela engana para se apaixonar por ela - ao início, parece ser apenas por diversão, mas acabamos por compreender que há outro motivo. O problema é que Ellie parece estar a apaixonar-se também por Skip, revelando-lhe partes do seu passado que nos ajudam a ligar esta história ao universo Criminal. Os dois fogem do centro, e quase poderíamos pensar que seriam felizes para sempre.
A revelação é lenta, mas, tal como nos números anteriores de Criminal, aquilo que pensamos que estamos a ver acaba por não se comprovar. Há sempre algo mais, e, como nos volumes anteriores, a verdade e o desfecho acabam por ser trágicos e devastadores. Ellie não é mesmo quem parece.
Esta graphic novel é uma espécie de YA dentro do universo Criminal, uma história de crescimento de uma rapariga que sempre viveu com drogados e criminosos. Tem um tom casual, relaxado, e não acontece muito ao longo das páginas. Talvez seja mais lento que os restantes volumes da série, mas encaixa bem e não desilude.
Há uma diferença dramática no que respeita à cor: se Criminal em geral respeita o noir e nos mostra sempre tons escuros, aqui o colorista, Jacob Phillips, preferiu usar tons pastel, dando um aspecto mais onírico e quase "fofinho" à obra. Funciona de forma maravilhosa.
A minha única queixa acaba por ser o facto de o livro ser curto. Achei extremamente interessante ter como personagem principal uma jovem rapariga cujo passado, que já conhecemos, foi marcado pela perda da mãe, drogada, e que acaba por processar idolatrando músicos e artistas que exploravam a sua criatividade também através das drogas. William Burroughs, Van Gogh, David Bowie... ou seja, não obstante o facto de o seu passado a poder ter dissuadido do mundo das drogas, Ellie tem drogados como únicos heróis e modelos de vida.
4,5/5
Podem comprar esta edição directamente à editora.
Gosto da capa do livro
ResponderEliminarO que significa "YA"? (será young adult?) A expressão aparece no 5º parágrafo: "Esta graphic novel é uma espécie de YA dentro do universo Criminal (...)".
Nunca leste nada do William Burroughs pois não? Sou admirador do Van Gogh como sabes e gosto muito de algumas músicas do David Bowie mas o William Burroughs só conheço de nome, conheço pessoas que leram alguns livros dele e gostaram muito, nomeadamente o Junky
De vez em quando olho para esses livros do universo Criminal na estante mas, por alguma razão, nunca aconteceu!
Young Adult sim senhor!
EliminarNunca li Burroughs mas está na estante, há mais tempo do que me orgulho de revelar, o Naked Lunch (não o Junky).
Tem de acontecer, são muito bons!