Fiquei intrigada com este livro quando o vi no Brave Girls Book Club, a "irmã mais nova" do Books That Matter.
Como os portes (de ambas as caixas!!) deram um salto enorme desde a última vez que o conteúdo me tinha interessado (infelizmente...), porque middle-grade e contemporâneo não são exactamente as minhas zonas de conforto (embora eu diga tantas vezes que adoro livros infantis...) e porque queria levar mais longe a leitura no digital, optei por ler esta obra em ebook.
A personagem principal e narradora do livro é Clara, de 12 anos, que vive com os seus pais em Sycamore, uma pequena vila costeira na Jamaica, onde nunca há ninguém novo, nunca há turistas e toda a gente se conhece. Clara adora viver ali: conhece toda a gente, adora comer mangas, correr pela vila, a comunidade e o lugar secreto para onde costumava ir com Gaynah, a sua prima e melhor amiga. Mas há um problema: Clara não se lembra do que aconteceu no verão passado, após uma tempestade e, por isso, tem problemas com a família, Gaynah goza com ela, e agora tem um medo enorme do mar (a passo que aquilo que antes mais gostava de fazer era surf).
Clara não se lembra e, como é a nossa narradora, não sabemos durante grande parte do livro o que aconteceu ao certo. As coisas parecem começar a ficar melhores para Clara quando Rudy, cuja avó é de Sycamore, vem de Nova Iorque com a sua mãe para passar o verão. Esta chegada é um evento (relembro, numa vila onde nunca ninguém de novo aparecia) e, embora Clara esteja relutante em fazer novas amizades quando tem aquela que é mais importante para reparar, Rudy fica rapidamente amiga de Clara, sempre com jogos imaginativos e uma palavra amiga, fazendo-a esquecer um pouco o conflito com Gaynah.
I don't care for clothes like Gaynah, but she cares about my clothes. She wants to do well at school not because she enjoys it, but because her mother wants her to. While I like school. I help Gaynah with schoolwork and she helps me to be cool.
But somewhere along the way, she got tired of helping me. She moved on, only hanging out with me when no one else was around. Even then, she always had something to say about what I was wearing, or saying, or not remembering. We argue; then we make up. That's how it's always been.
This time, though, we haven't made up. I don't know why, but she no longer wants to hang out with me, and when she does, she never has anything nice to say.
Inicialmente, pensei que o livro fosse sobre como Clara e Gaynah tinham crescido a um ritmo diferente - algo que também me aconteceu, com várias pessoas. Ter 12 anos é muito complicado nesse sentido. Mas a sensação de mistério é forte, especialmente quando Clara se começa a sentir cada vez mais isolada da comunidade - tal como o seu tio, que vive como um heremita há vários anos e sobre o qual há vários rumores maldosos.
No meio disto, ninguém lhe explica o que aconteceu; os seus próprios pais não lho dizem, embora a tentem ajudar da melhor maneira que conseguem. E posso dizer que, quando Clara enfrenta os seus medos e memórias e o mistério é finalmente desvendado, não estava à espera do que li e nem sequer desconfiava - e tive pena de estar a ler em formato digital, porque tive muita vontade de voltar ao início e reler rapidamente algumas passagens. Está realmente bem construído e acho que realista e adequado à idade-alvo, com os sentimentos, os jogos, as discussões.
Adorei ler sobre Clara. Kereen Getten não é paternalista nem infantiliza a personagem, ou o leitor. É uma narrativa forte sobre amizade, comunidade e trauma, e vale muito a pena ler. Adorei o espaço, a vila pequena costeira, o sentimento de comunidade que ajuda muito a investir na história e nos personagens, que se conhecem todos entre si e que guardam mais segredos do que seria de esperar. Achei interessante como a narrativa tem lugar no verão - ou seja, um ano volvido após o momento que Clara não recorda, dando a entender que mesmo o último ano dela terá sido confuso.
O final é extremamente satisfatório e faz-nos acreditar que Clara vai, eventualmente, ficar bem - que tem os pais (não obstante serem imperfeitos - o que é realista!) e outros amigos que a poderão ajudar a voltar a encontrar o seu lugar e a aceitar finalmente o que aconteceu no verão passado e a traumatizou. Dá espaço à mudança e à esperança.
5/5
Alto tablet
ResponderEliminar'(...) and she helps me to be cool.' é todo um conceito
Gostei muito da review, até porque sei o quanto gostaste do livro! Quero muito ler, achas que leia no tablet ou compre a versão física?
Qual a tua opinião sobre ebooks, kobos etc. e livros físicos?
Já leste mais autores jamaicanos?
é teu! :p
Eliminaroh, quando se é garoto, é um conceito sim!
gostei mesmo, fiquei muito surpreendida e acho que é um óptimo livro, não infantiliza, toca em temas importantes... podes talvez tentar ler no tablet primeiro e ver se te ajeitas, não?
eu sou primordialmente fã do livro físico, mas está a ser uma experiência interessante, não sei até quando irá durar, no entanto, mas a ver vamos...
não! :( fui pesquisar e não, não creio. um que está actualmente bastante popular é o marlon james.
Vou tentar ler no tablet primeiro sim
Eliminarfaz isso :D
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