Pretty Guardian Sailor Moon #4

Tendo este volume nas minhas mãos, retomei de imediato Sailor Moon.

No último volume, Usagi deparou-se com o aparecimento de Chibi-Usa, o desaparecimento de Mars e Mercury, e a expansão dos Dark Moon. É um arco muito diferente daquilo que nos é apresentado no anime, pelo que nunca sei mesmo o que esperar - tornando a leitura mais entusiasmante.

Perante toda a situação, Usagi não é a personagem animada e extrovertida a que a série nos habituou: aqui, e perante um enorme sentimento de perda, está deprimida, apática. Chibi-Usa tenta diverti-la, distraí-la, animá-la - demonstra sensibilidade e empatia, ao contrário da personagem do anime, que é horrorosa (odeio-a no anime, é um pouco melhor aqui), mas Usagi rejeita todas as tentativas porque tem ciúmes de uma criança por passar demasiado tempo com o seu namorado. Isto também acontece no anime e faz-me imensa confusão... e talvez seja por esse motivo que nunca gostei de Chibi-Usa.

Jupiter, Venus e Usagi começam a questionar mais o papel de Chibi-Usa em todos os eventos misteriosos que têm vindo a acontecer. Há referências a UFOs que parecem meio deslocadas, há imagens que anunciam catástrofes futuras. Entretanto, em Nemesis (o quartel central dos Black Moon), continuam a conspirar e apercebemo-nos da obsessão de Dimande com uma figura muito semelhante a Usagi.

Jupiter, que está doente (gripe? covid?) tem um momento em que revela as suas angústias, as suas ânsias e a sua missão ao tipo da loja de videojogos, num momento que poderia ter tido interesse no anime. Quando ele sai, ela é atacada pela Black Moon e raptada para se ir juntar às amigas.

O acto seguinte tem "Sailor Venus" no título, mas, felizmente, não vai pelo caminho previsível de também ela ser raptada. Juro que achei que era isto que ia acontecer... Gosto muito quando Venus está sob a luz da ribalta, e quero muito ler os mangás "dela", os Sailor V. Ela é determinada e interessante e é uma das minhas duas preferidas. Gosto quando se chateia e toma as rédeas das situações. E é isso que ela faz quando decide ir inquirir Chibi-Usa, não se importando que esta seja uma mera criança, não obstante ela não ter feito grande coisa no mangá.

Quando encontram Chibi-Usa, esta, por sua vez, está a tentar ser uma criança normal com acesso a afectos normais. É insegura, indefesa, tem muitos medos. Não parece exactamente o inimigo que Venus e Usagi querem encontrar nela, à medida que gritam com ela e assustam ainda mais, mas não é fácil dizer.

Há também um grande momento de construção de personagem para Mamoru, no qual ele demonstra sentir-se inútil e sem poderes perante as Navegantes - coisa que, no fundo, já sabíamos.

Eventualmente, e no seguimento de um ataque, Chibi-Usa revela que no século 30, Crystal Tokyo está sob ataque: assim, ela viajou no tempo para encontrar a lendária Navegante da Lua. Sailor Venus toma rédeas da situação novamente, e eventualmente Chibi-Usa decide-se a levar os três para o futuro. E é aqui que conhecemos uma das melhores (e lendárias!) personagens da série: Sailor Pluto. Quando é que Naoko Takeuchi terá decidido que iria haver as "Outer Senshi"? Por que é que ninguém, até agora, sabia da existência de mais Navegantes? Mas isto não importa, porque o aspecto de Pluto é magnífico, e ela é uma óptima personagem. Tão dedicada à sua missão que ataca Sailor Moon, mesmo sabendo de quem se trata. 

Óptimo momento no livro, a trazer mais revelações sobre Chibi-Usa. Por outro lado, Crystal Tokyo do séc. XXX é de certa forma uma desilusão, não tão impressionante como no anime (é impossível não estabelecer a comparação!) - ao mesmo tempo, os detalhes mais gráficos da desolação não escapam a Naoko Takeuchi, que decerto é fã de desenhar corpos carbonizados. E, após alguns momentos de tensão e acção, o grupo entra no palácio...

E tem alguns encontros inesperados no meio do cenário de desolação. Tenso!

Algumas questões são exploradas aqui, que ficaram por explicar no anime: além de questões que envolvem gatinhos, temos a longevidade que Sailor Moon levara da lua até à terra, fazendo com que os mil anos que se passaram não tivessem tido efeito físico nas pessoas. Também há toda uma exposição sobre as questões do Planeta Nemesis, e mais contexto sobre Pluto. 

E, após momentos emocionais complexos, Sailor Moon é raptada por Dimande, que parece ter motivos ulteriores... Aprendemos mais sobre as motivações de Black Moon, os seus problemas com a vida e felicidade infinitas oferecidas pelo Silver Millenium. Compreendo que a vida eterna possa ser aborrecida - é um tema explorado em vários media (vi no ano passado The Good Place onde isto é abordado) - e um grupo de revolucionários acha que não é natural e até blasfemo. Gosto e acho que dá profundidade a um grupo de inimigos que, até agora, era algo básico.

Tem o seu quê de psicopata, no entanto. Temos então acesso a mais revelações sobre Chibi-Usa e sobre o inimigo.

A Neo Queen Serenity parece ser uma personagem extremamente triste. Usagi tornou-se numa pessoa vista pela sua filha como distante, bela, inalcançável. Fria. Não será talvez a ideia mais óbvia de maturidade que se adivinhava para Usagi, e é estranho pensá-la assim (ao mesmo tempo... por que é que Chibi-Usa interfere constantemente se já sabe que não vai funcionar? É irritante).

As interacções entre os vários personagens são inspiradas e funcionam, mesmo quando a narrativa avança talvez demasiado rápido, talvez de forma demasiado confusa (talvez contra as expectativas delineadas pelo anime?). O final não dá lugar a grande esperança, mas sim mais conflito.

4,5/5

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