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Satyricon

O desafio de Dezembro - o último de 2021, e o último do #lerosclássicos durante sabe-se lá quanto tempo - era ler um livro anterior a 1800.



Foi assim que peguei, finalmente, em Satyricon, a viagem picaresca de Encólpio pela Roma antiga. Satyricon é um livro que chegou aos dias de hoje fragmentado, embora seja considerado o primeiro romance (como em novel, não como em história de amor) de sempre. De uma obra que se julga ter sido muito mais longa, escrita durante o reinado do Imperador Nero, chegaram apenas 141 capítulos aos nossos dias. Dada a sua natureza fragmentada, a leitura não é exactamente fácil de seguir na totalidade; temos apenas pedaços do original, aquilo que sobreviveu, e há excertos que compreendemos apenas pelo contexto.


O conteúdo é bastante absurdo: entre lacunas várias e alguns poemas, Encólpio faz-se acompanhar, durante a maioria da narrativa, do seu ex-namorado, Ascilto, e do seu actual companheiro, Gitón, um escravo de 16 anos. Há momentos de grande vulgaridade, algum conteúdeo gráfico, gente pedante e várias desventuras burlescas, entre o sagrado e o profano e os excessos que tanto caracterizam o antigo Império Romano.


É uma leitura curiosa porque, em partes, aos olhos do leitor do séc. XXI, pode parecer quase uma obra contemporânea, e não com quase dois milénios - ao mesmo tempo que é parcialmente quase imperceptível sem acesso a notas críticas. É um livro muito directo e potencialmente controverso - não se pode esquecer o contexto histórico e social no qual as aventuras têm lugar e foram escritas.


Tradução de Delfim Ferreira Leão


4/5


Podem comprar uma edição em inglês, da Oxford University Press na wook ou na Bertrand; o livro foi traduzido para português pela Cotovia, que já não está em funcionamento. Talvez em alfarrabistas.


Comentários

  1. Já te disse que gostei muito deste dasafio? Sei que disse, mas é verdade. Tirando os japoneses, com que não atino mesmo, acho que foram sempre 3* para cima.
    Não terminei nada mal o de 2021, com Canções de Inocência e Experiência do William Blake. Não gosto do Romantismo, mas precisei do livro para um trabalho e não ia desperdiçá-lo, não é? Ainda por cima é esteticamente bonito.
    Paula

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    Respostas
    1. Obrigada, Paula, por teres participado sempre e de forma tão entusiástica! :) Também tive boas experiências, na sua maioria foi tirar o pó a alguns livros que aguardavam o seu momento nas estantes e a verdade é que não é muito frequente errar nas aquisições que faço.
      É óptimo quando dá para aproveitar assim as leituras!

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