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A mostrar mensagens com a etiqueta #lerosclássicos2021

2021 | Dezembro

O resumo de um mês em que me afastei de redes sociais e, parcialmente, também do blog (mas vejam os posts da semana passada!!). Comprados & Recebidos O Natal é uma altura intensa para muita gente; não recebi nem quero receber para lá de uma dúzia de livros, no entanto, nem ceder a impulsos capitalistas absurdos para encher uma estante que... aliás, já está cheia e não tem mesmo espaço para mais. Ainda assim, deram entrada, neste mês, alguns livros: Anne of Green Gables , de LM Montgomery, numa edição linda, que lerei a par com a versão novela gráfica que cá mora há uns meses ; Los Pazos de Ulloa , de Emilia Pardo Bazán, que alguém um dia ainda me irá explicar como raio não está disponível em português; Inadaptados , de Micaela Coel, curta não-ficção; Cats of the Louvre , mangá de Taiyō Matsumoto que junta duas coisas que muito me agradam (o Louvre e Gatos); e Les caves du Vatican , de André Gide. Lidos O mês até ia com embalo nas leituras, mas (e na ausência de férias, feriados...

Satyricon

O desafio de Dezembro - o último de 2021, e o último do #lerosclássicos durante sabe-se lá quanto tempo - era ler um livro anterior a 1800. Foi assim que peguei, finalmente, em Satyricon , a viagem picaresca de Encólpio pela Roma antiga. Satyricon é um livro que chegou aos dias de hoje fragmentado, embora seja considerado o primeiro romance (como em novel , não como em história de amor) de sempre. De uma obra que se julga ter sido muito mais longa, escrita durante o reinado do Imperador Nero, chegaram apenas 141 capítulos aos nossos dias. Dada a sua natureza fragmentada, a leitura não é exactamente fácil de seguir na totalidade; temos apenas pedaços do original, aquilo que sobreviveu, e há excertos que compreendemos apenas pelo contexto. O conteúdo é bastante absurdo: entre lacunas várias e alguns poemas, Encólpio faz-se acompanhar, durante a maioria da narrativa, do seu ex-namorado, Ascilto, e do seu actual companheiro, Gitón, um escravo de 16 anos. Há momentos de grande vulgaridade, ...

Cântico dos Cânticos

O desafio para Novembro era ler um clássico de poesia ou teatro. O Cãntico dos Cânticos  é (pasmem-se) parte da Bíblia. Este texto é tradicionalmente atribuído ao Rei Salomão, e é de enorme interesse a vários níveis - principalmente, porque parece destoar dos restantes textos da Bíblia (que, atenção, nunca li) pelo seu cariz mais sensual e por não abordar a lei de Deus ou outros ensinamentos/sabedorias. Fala, aliás, da beleza e do mistério do amor. Embora algumas das alegorias e simbolismos se percam para mim (Torre do Líbano, por exemplo), e de outras questões estranhas ou que podem não ter envelhecido muito bem (invocar relações familiares, comparação com animais, atenção esquisita à cor da pele), o texto é de beleza intrínseca e fala sobre não apressar o amor, pois este irá "despertar" quando estiver pronto.  ah como estás bela minha amiga      ah como estás bela com teus olhos de pomba oh como estás belo meu amado e que doçura     o nosso leito en...

2021 | Outubro

Aproximamo-nos rapidamente do final de 2021; mentalmente, ainda estou em 2020. Comprados & Recebidos Este mês foi comedido, eu acho. Chegou, após enorme atraso da Amazon (enfim), Red Comet , de Heather Clarke. Também deram entrada na estante As Inseparáveis , de Simone de Beauvoir, e A última coisa que ele queria , de Joan Didion. No Amadora BD (mais sobre o evento daqui a pouco), comprei o vol. 2 de O Castelo dos Animais , de Delep e Dorison, que li praticamente mal cheguei a casa. Lidos Além de O Castelo dos Animais , terminei Um castelo em Ipanema , de Martha Batalha , li duas mulheres monocromáticas ( The Woman in White , de Wilkie Collins , e The Woman in Black , de Susan Hill), li o The Song of Achilles  da Madeline Miller e ainda Solutions and other Problems , de Allie Brosh. Por momentos pensei que tinha mais para acrescentar aqui, mas a verdade é que o The Woman in White  é longo e o Achilles  se arrastou. Ler os Clássicos O desafio para Outubro era ler um cl...

The Woman in White

O desafio para Outubro era ler um livro gótico, ou de terror. Peguei, então, neste clássico gótico, que residia há anos na estante, devido à sua dimensão, em parte, e a algum desinteresse recente quando a vitorianos (após ter lido vários dos mais populares). Foi, ainda assim, uma surpresa quando percebi aquilo que tinha aqui por ler: um percursor do género do mistério. Este é um livro narrado por vários narradores diferentes, com vários intervenientes da história a juntar a sua peça do puzzle, o seu testemunho, sendo aquele que inicia e termina a história Walter Hartright. Walter é um professor de desenho que, graças a um amigo de origem italiana, cuja vida terá salvado, encontra uma posição numa casa remota em Cumberland, enquanto tutor de duas jovens raparigas órfãs de alta sociedade. Este contexto orientou-me logo na direcção errada da história - a mansão remota, meio vazia... - e isso foi uma agradável surpresa. Logo nas primeiras páginas, na noite antes de rumar a Norte, encontra...

Cider with Rosie

O desafio de Setembro do #lerosclássicos2021 era ler um livro de não-ficção. Tinha este livro há vários anos em mente enquanto leitura desejada, e há já quase quatro anos na estante ( adquirido numa espécie de Cash Converters francesa ). Não sei o quão conhecido Laurie Lee é por cá (embora acredite que praticamente nada); o que sei é que, não obstante se ter definido como poeta, é esta memória da sua infância, extremamente popular no Reino Unido, que é a sua obra mais conhecida. Cider with Rosie  é, portanto, uma memória de infância - uma infância passada na aldeia de Slad, nos Cotswolds, em pleno Gloucestershire rural, para onde Laurie Lee se mudou com a família ainda muito pequeno, com 3-4 anos, ainda antes do fim da Primeira Guerra Mundial. O mundo de Slad é um mundo em vias de extinção, mas Laurie e a sua família não o sabem. The village in fact was like a deep-running cave still linked to its antic past, a cave whose shadows were cluttered with spirits and by laws still vague...

2021 | Agosto

Mês mortinho aqui pelo blog. Comprados & Recebidos Vou deixar o que for relacionado com a Feira do Livro de Lisboa para um post  dedicado, aquando do fim da mesma. De resto, o mês foi algo profícuo: da Polvo, Os Regressos  e O Amor Infinito que te Tenho ; da Quetzal, O Livro dos Seres Imaginários ; de origem e língua estrangeira, The Guest Cat , Fun Home , Les Enfants Terribles , Belle de Jour  e L'Amant . Lidos Mês que começou estranho, mas lá encarrilou: The Queen's Gambit , de Walter Tevis , Passing , de Nella Larsen , O Castelo dos Animais , de Xavier Dorison e Félix Delep,  Os Regressos , de Pedro Moura e Marta Teives,  Mirtilo e Nina  (livro solidário da União Zoófila), Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica , editada por Natália Correia , Station Eleven , de Emily St John Mandel, Afectuosamente/Dearly , de Margaret Atwood, o Manifesto pela Leitura , de Irene Vallejo, e ainda comecei Women & Power: a Manifesto , de Mary Beard. Vou t...

Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica

O tema do #lerosclássicos2021 de Agosto era um livro censurado ou banido. Eis um livro cuja história, para mim, em muito excede o conteúdo. Já por cá falei, inúmeras vezes, da minha relação com poesia. A verdade é que a minha curiosidade com este livro foi sempre mais histórica do que exactamente literária. Recomendo, desde já, caso nunca o tenham feito: vejam a série "3 Mulheres", disponível na HBO, que fala de Natália Correia, Snu Abecasis e Maria Armanda Falcão (Vera Lagoa); grande parte do relato sobre Natália, nesta série, versa precisamente sobre a edição e publicação da obra que hoje vos trago, bem como as suas consequências. Em Dezembro de 1965, foi publicada, pela Editora Afrodite, a Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, na qual Natália reuniu poemas (e não só! Há textos em prosa) de autorias diversas, desde a Idade Média até a poetas seus amigos e contemporâneos. Saliente-se, desde já, que há apenas quatro mulheres representadas na Antologia, incluindo...

2021 | Julho

A exaustão apoderou-se de mim este mês. Comprados & Recebidos Afectuosamente , edição bilingue do livro de poesia de Margaret Atwood ( Dearly ) deu entrada na estante este mês. Aproveitou-se a subscrição do Público para comprar, com desconto, alguns títulos antigos da Colecção Novela Gráfica da Levoir. Também houve algumas adições digitais, mas essas, como não ocupam espaço, não contam... certo? Lidos Olhem, poder-se-ão já ter apercebido, mas acabei de ler o Anna Karenina ! Noutras leituras: The Silent Patient , de Alex Michaelides, Tigers are Better-Looking , de Jean Rhys , para o #lerosclássicos2021, a adaptação para novela gráfica do The Master and Margarita , de Andrzej Klimowski e Danusia Schejbal, comecei o The Queen's Gambit , de Walter Tevis (devo ser a única pessoa que não viu a série sequer) e Afectuosamente , de Margaret Atwood. Fiz mil planos de leitura, ficou tudo mais ou menos a meio. Agosto é um novo mês! Ler os Clássicos Julho foi mês de ler um livro que fugisse...

Tigers are Better-Looking

No âmbito do #lerosclássicos2021 , li este conjunto de contos da autora caribenha Jean Rhys. No ano passado, o tema de Julho era um clássico africano ou asiático; este ano, expandindo esta forma de exclusão do cânone ocidental, decidi incluir outras geografias menos lidas: a Oceania e o Caribe. (acho que nunca li nenhum livro de alguém da Oceania, mas tenho há demasiados anos, por ler, uma compilação de contos de Katherine Mansfield) De Jean Rhys, só tinha lido Wide Sargasso Sea , que é um livro do qual gostei mesmo muito (mais do que daquele que o inspirou !) e que acho que merece ser lido pelas várias temáticas que aborda: o sentimento de não-pertença, as marcas do colonialismo, a doença mental, a fragilidade feminina na sociedade. Tigers are Better-Looking  está muito longe de ser das obra mais conhecida da autora e, antes de lhe ter pegado, nem sabia que se tratava de contos. Esta edição entrou na minha colecção através do awesome books (choremos pelo Brexit), pois tinha sempr...

2021 | Junho

Apesar da bastante pouca actividade aqui pelo blog, Junho acabou por ser bastante activo em leituras e afins. Comprados & Recebidos Destaco a última compra à Livros Cotovia (que, afinal, parece ainda ter uns suspiros), fotografada acima. Quando os lerei? Não sei, ainda. Lidos Comecei o mês a ler Anna Karenina , que ainda não terminei, relutante em alternar com outras leituras - mas, entre o #lerosclássicos2021 (que tenho muita vergonha se não cumprir no mês certo) e idas à praia em que o livro se revela muito pouco prático, acabou por acontecer. Inicialmente, para tentar contrariar um pouco, li Kick-Ass , de Mark Millar , começando assim por uma novela gráfica (não pegava numa há imenso tempo!). Para o desafio, então, li Esteiros , de Soeiro Pereira Gomes , e recomendo esta leitura a toda a gente. Para o #médicosescritores, li When Breath Becomes Air , de Paul Kalanithi. Falarei melhor deste livro numa opinião (a publicar aqui em breve), mas adianto que gostei muito. Também li My...

Esteiros

O tema de Junho do #lerosclássicos2021 passava por ler um clássico lusófono. Este tema é, para mim, um desafio, que veio na mesma altura do desafio que me impus a mim mesma: ler Anna Karenina  (não é um desafio; é apenas um livro com muitas páginas). É um desafio porque, apesar do meu grande amor por Jorge Amado e Machado de Assis, não sabia ao certo que leitura conjugar com o russo que tinha em mãos. Escolhi Esteiros , de Soeiro Pereira Gomes, livro curto que habitava as minhas estantes desde 2015 e que tinha em muito boa conta, com urgência renovada de ser lido após a minha conversa com a Catarina . Para os filhos dos homens que nunca foram meninos escrevi este livro. A premissa de Esteiros  vai, de certo modo, de encontro à de Capitães da Areia , que será sempre um dos meus livros favoritos: segue um grupo de rapazes, todos eles crianças que, por via das circunstâncias (acima das quais, a pobreza), se vêem desprovidos da sua infância. Enquanto que os garotos de Jorge Amado...