Este livro cativou-me de imediato pelas ilustrações belíssimas.
Lucas é um coelhinho caseirinho, que gosta muito de ficar no conforto do lar, cozinhar bolachinhas e ficar no quentinho sem grandes emoções ou sobressaltos. Por sua vez, a sua melhor amiga, Luna, é extrovertida e adora o exterior, a aventura, o desconhecido. A Luna acha que o Lucas é um bocado aborrecido, e tenta sempre convencê-lo a juntar-se a ela, sem sucesso.
Neste dia em particular, Luna fica frustrada pela falta de coragem (e de vontade de sair de casa) do seu amigo, e despedem-se com algum fervor.
O Lucas fica, obviamente, a pensar na discussão que tiveram, e decide ser um pouquinho mais valente e ir no seu encalce - mas não sem se preparar muito bem para o passeio, cachecol e bolacinhas incluídos.
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| Fonte: Nicola Kinnear |
Consigo relacionar-me muito com o Lucas. Embora fazer bolachas não seja um dos meus dons (ou interesses particulares), gosto muito de estar em casa e o desconhecido causa-me algum desconforto (também associo o tipo de interesses da coelhinha Luna a actividades mais físicas). Mas percebo que este nível de divergência de interesses - além do medo que Lucas assumia ter - seja frustrante numa relação de amizade. Luna até podia, de vez em quando, ficar em casa com Lucas a fazer bolachas, mas Lucas nunca parecia chegar ao lado dele do compromisso.
Não diria necessariamente que Lucas é um coelhinho agorafóbico, mas terá um claro problema de ansiedade que o limita. Acho muito importante ter compaixão para com os limites dos outros e respeitar os seus interesses, é óbvio, e ninguém se deve sentir obrigado a fazer cedências - mas este livro é sobre coragem e ultrapassar medos, relembro.
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| Fonte: Nicola Kinnear |
De forma não exactamente surpreendente, as circunstâncias forçam Lucas a ter de ser ainda mais valente do que esperava no momento em que aceitou sair de casa; vai tendo medo, mas vai-se adaptando e arranja estratégias para enfrentar cada momento, em cenários lindíssimos em tons outonais, e acaba por conseguir a coragem suficiente para ser o herói do dia. Ao experimentar sair de casa, Lucas pôde finalmente decidir por si próprio se era ou não uma actividade que lhe agradava, e descobriu novas coisas para partilhar com a sua amiga.
As ilustrações, repito, são belíssimas e aquilo que distingue o livro de vários outros que possam ter uma mensagem semelhante. Vale a pena apreciá-las longamente.
Tradução de Dina Antunes
5/5
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