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Mrs Palfrey at the Claremont

Chegou finalmente o momento de escrever sobre uma das minhas leituras favoritas de 2023: Mrs Palfrey at the Claremont, de Elizabeth Taylor (não a actriz, a outra).



Laura Palfrey, recentemente viúva de um diplomata, algo afastada da sua filha, que vive na Escócia, e do seu neto Desmond, que trabalha no British Museum, chega àquela fase da vida em que está idosa e sozinha, mas ainda fisicamente independente o suficiente para, em vez de um lar, ir para uma residencial de idosos. Assim, muda-se para o Claremont Hotel, um hotel que tanto apela aos turistas como a idosos com algum dinheiro.

Não é, assim a típica personagem principal de um romance; os seus amigos de outrora indiferentes, a filha fisicamente distante, Mrs Palfrey anuncia aos outros residentes do Claremont que o seu neto, Desmond, decerto a irá visitar com frequência. Os outros residentes acenam que sim, sabendo que também eles um dia acreditaram que teriam companhia. Mrs Palfrey tenta ocupar-se, ir à biblioteca, fazer pequenos recados aos outros idosos do hotel. O tempo demora a passar.

I must not wish my life away, she told herself; but she knew that, as she got older, she looked at her watch more often, and that it was always earlier than she had thought it would be. When she was young, it had always been later.

Um dia, Mrs Palfrey sofre uma pequena queda num desses recados; e é rapidamente ajudada pelo jovem Ludo, um rapaz também solitário, pobre e aspirante a escritor. Para lhe agradecer, Mrs Palfrey convida-o a jantar com ela no hotel; e aqui começa uma trama em que Ludo se faz passar por Desmond, o neto. Ludo acha uma óptima oportunidade não só para combater a sua solidão, como para estar no meio de pessoas e tirar daí inspiração para a sua escrita - Mrs Palfrey ganha um neto, uma visita, respeito dos outros residentes do Claremont.

A amizade de ambos é real. Ludo não é apenas um parasita que quer usar as experiências de vida dos outros para a sua ficção, tem preocupação real por Mrs Palfrey. Esta também não é totalmente inocente, e faz o melhor que pode nas suas circunstâncias actuais: viúva após um casamento perfeito, sozinha mas com dinheiro e mobilidade suficientes para fazer a sua vida.

It was hard work being old. It was like being a baby, in reverse. Every day for an infant means some new little thing learned; every day for the old means some little thing lost. Names slip away, dates mean nothing, sequences become muddled, and faces blurred. Both infancy and age are tiring times.

5/5 decerto o primeiro de muitos de Elizabeth Taylor

Podem comprar uma outra edição na wook, ou em português, na wook.


Comentários

  1. Este livro é duro e quanto mais avança mais deprimente fica, mas esta mulher escrevia tão bem e era perita em retratos psicológicos das personagens. Acho que vais gostar de Angel. Para mim, é das protagonistas mais alucinadas da história literária!
    Paula

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    Respostas
    1. O Angel é um dos outros quatro (!) dela que tenho por ler. Um deles é infantil e chama-se Mossy Trotter.

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    2. Desse infantil nunca ouvi falar e não estava a vê-la a escrever nesse género!

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    3. E por estas coisas é que a Virago é das melhores editoras que conheço!

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