Avançar para o conteúdo principal

O Livro dos Seres Imaginários

O meu segundo encontro com a obra de Jorge Luis Borges foi este tratado de criptozoologia.




Sendo conhecido pelo leitor mais assíduo o meu sentimento quanto a um determinado compêndio de baleias, será talvez curioso saber da minha leitura d'O Livro dos Seres Imaginários. A verdade é que seres imaginários me interessam - e a obra de Borges também. 

Esta obra contém descrições de mais de 100 criaturas míticas do folklore e da literatura, sendo que cada "entrada" vai de um pequeno parágrafo a umas duas páginas. Este é uma espécie de enciclopédia, com capítulos alfabéticos e quase exaustivamente retirados de textos vários, quase um livro técnico sobre criaturas míticas e não a apresentação de Borges das mesmas.

O destaque é, claro está, as criaturas ficcionais, mitológicas, folk. Temos criaturas com origens no cristianismo, na China antiga, no judaísmo, nos mitos celtas, algumas das quais previsíveis, como os vários tipos de dragões, unicórnios, e as diferentes tipologias de sereias, mas também vários seres a descobrir (não escondo que recorri frequentemente ao Google Images ao ler este livro. Uma edição ilustrada seria uma enorme riqueza); por outro lado, faltam chupacabras.

A minha relativa desilusão com a obra prende-se talvez com a forma como a li, ignorando a sua possibilidade de ser texto de consulta (ou de referência), lendo-o maioritariamente seguido, tratando este livro de Borges como se dos seus contos se tratasse. Talvez por isto, a experiência de leitura ficou um pouco aquém - o próprio Borges sugere outro modo de leitura, aquele em que se abre uma página ao calhas e se pondera sobre a criatura visada.

Não é, assim, o livro para quem anseia por mais narrativa típica de Borges; é um livro que reflecte muitos dos seus interesses e do seu conhecimento, é acima de tudo um livro real sobre um mundo fictício como só ele conseguiria criar.

Tradução de Cristina Rodriguez e Artur Guerra.

4/5

Podem comprar esta edição na wook.


Comentários

  1. Compêndio de balelas é muito bom para um livro que nunca me apanharão a ler.
    Tentei ler este e desisti logo no início, era realmente estrambólico!
    Paula

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não julgo a desistência, bem como não julgo a falta de vontade pelo compêndio de baleias. Na verdade, sobre esse, quem quiser saber a história pode apenas ler as primeiras 50 e as 30 últimas... o resto é mesmo compêndio de baleias e sentimentos de isolamento com baleias.
      Eu deste gosto da ideia, muito, apenas acho que o "li mal".

      Eliminar
  2. Ainda me estou a rir. Eu tinha os óculos de ler postos, acredita, mas tresli, li o que queria ler, alucinei, tive um lapso freudiano, o que quer que tenha sido. Eu li mesmo tratado de "balelas"! :D

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Hahahaha e eu nem percebi que tinhas escrito balelas e não baleias - com correcção em cima das minhas 10 dioptrias no olho direito e 9,5 no esquerdo. Mas estávamos a falar do mesmo livro, que é o que importa!

      Eliminar

Enviar um comentário