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Mulheres sem Medo

Não-ficção em forma de arte sequencial? Contem comigo.



Esta obra é uma excelente referência enquanto introdução ao feminismo, bem executada em termos informativos e estética. Uma espécie de história abreviada do movimento feminista nos últimos 150 anos, abreviada, claro está, em vários momentos, porque é difícil de compilar tanta informação em 120 páginas. É uma imagem muito decente dada essa limitação, com vários ícones do feminismo diferentes, numa abordagem tão interseccional quanto possível.


Pode-se talvez chamar de uma história ilustrada e resumida dos movimentos feministas mundiais desde o século XIX. É impressionante como a autora, Marta Breen, consegue fazer de 150 anos de lutas uma leitura rápida mas importante. Aqui, aprendemos sobre mulheres fortes de países diferentes a travar batalhas importantes - mulheres às quais devemos ser gratas se hoje podemos trabalhar, estudar, votar... não esquecendo a autonomia sobre o próprio corpo e o direito a amar quem se quer.


Este é o tipo de história que me irá sempre prender. É difícil não comparar, talvez, com Destemidas, que também celebra as lutas de várias mulheres, embora com uma abordagem diferente - ao passo que Bagieu se foca nas vidas de mulheres em particular, Breen tem uma abordagem mais linear em termos temporais.


Claro que haveria muito mais mulheres de quem falar - e há, como é habitual, um foco muito ocidentalizado, muito anglo-saxónico-branco - mas as que são mencionadas foram muito importantes, e o facto de os assuntos LGBTI+ e raciais serem abordados (ainda que muito ligeiramente) é uma lufada de ar fresco quando muita da produção literária no âmbito do feminismo que cá nos chega é branca (ou a Chimamanda) e heterossexual. Mas mostra, efectivamente, como o feminismo branco do início do séc. XX exclui as outras mulheres, algo que não costuma ser abordado.


O livro será acessível a uma faixa etária mais nova, mas menciona violência e abuso - é uma leitura introdutória e importante, mas os desenhos coloridos podem ser enganadores. É ressalvada no final do livro a importância de não esquecer que ainda há, actualmente, quem lute por direitos que muitas de nós temos como garantidos. Que ainda há batalhas por travar e obstáculos a ultrapassar, que ainda são necessárias mulheres que se atrevam a fazer sacrifícios pelo que está certo. E homens. Todos somos importantes nesta luta.


4/5


Podem comprar esta edição na wook ou na Bertrand

Comentários

  1. Depois do Portuguesas com M Grande fiquei com o bichinho para este tipo de livros. Este parece mesmo giro :)

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    1. Eu esse ainda não li (nem tenho), mas também quero :) recomendo o Destemidas e também os Histórias de Adormecer para Raparigas Rebeldes!

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