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L'Art et Le Chat

Demorei mais de dois anos a terminar este livro.


A explicação é, na verdade, simples; a língua. Ofereci este livro a alguém que não consegue ler francês, pelo que tive de ser eu a ler, aos poucos, e a traduzir. Antes de mais, sei que este livro não irá apelar a quase ninguém que lê este blog (ou segue no instagram, etc, etc), mas achei tão bom que não podia deixar de falar nele.

Comprei este livro em Novembro ou Dezembro de 2017, numa livraria da Boulevard St Michel sobre a qual não escrevi aqui na altura, porque não me despertou grandes sentimentos:a Gibert Joseph, que é uma espécie de megastore só de livros. Na altura, tinha acabado de sair mais um livro da série Le Chat, de Philippe Geluck, intitulado À chacun son chat, e eu tinha ficado curiosa com uma série claramente tão popular na francofonia, mas que nunca vi por Portugal. Por esse motio, achei que faria uma prenda de Natal interessante (para uma pessoa que não lê francês).


Este livro é hors série, não fazendo parte da série inicial. Entre o primeiro da série e este, optei por este, pelo seu conceito. Tendo iniciado por ser publicado como um catálogo de uma exposição realizada no Musée en Herbe, este L'art et le chat é uma segunda edição revista e aumentada, que promete 36% mais piadas. A exposição teve lugar em 2016, e fazia interpretações de alguns artistas famosos, à maneira do gato.

Assim, o livro tem, em cada duas páginas, a apresentação da obra e da biografia de um artista, de um lado; e, do outro, a versão do gato da obra, e um pequeno comentário humorístico por Philippe Geluck. Os artistas são escolhidos muitas vezes mais pelo seu potencial de piada que por serem particularmente famosos, e o resultado final funciona perfeitamente (embora algum do humor se tenha perdido na minha falta de fluência linguística.

  

A experiência é fascinante num todo: não só pelas pequenas histórias e biografias dos autores, dos quais muitas vezes conhecemos apenas o nome e (alguma) obra, mas por dar também a conhecer melhor (ou de todo!) alguns artistas que eu não conhecia ou que conhecia menos, especialmente contemporâneos, celebrados mas que me passavam ao lado (por não ser do meu interesse estético). Assim, fala-se aqui não apenas da Mona Lisa, que abre o livro, ou de Monet, Van Gogh e Munch, mas também de Magritte, Keith Haring, Arcimboldo, Yves Klein, Christo, que entretanto faleceu, César...

Não sei como este livro funcionaria em português; muitas das piadas acabam por ser jogos de palavras (com o nome de Boudin, por exemplo), trocadilhos, e é, lá está, um humor fortemente francês, que creio não estar particularmente "disponível" em Portugal. E presumo que a restante obra, e a série Le Chat funcionem pela mesma maneira. É, ainda assim, algo triste ver como um nome tão difundido e celebrado num país que nos é próximo não chega até cá.

 

Fica o desafio para alguma editora e bom tradutor. Este livro, ainda que muito específico (enquanto inicialmente catálogo de exposição), vale imenso a pena.

5/5

Podem comprar esta edição na wook ou na Bertrand

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