Disclaimer: este post é sobre os volumes 1-5.
Confesso que desconhecia Harrow County, até Beja. No Festival Internacional de BD de Beja (doravante conhecido, neste blog, como "BD Beja") estavam patentes exposições de vários dos convidados do certame. Tendo evitado a exposição de Rita Alfaiate, para evitar potenciais spoilers, chamou-me, e muito, a atenção a arte de Tyler Crook.
Assim, e desafiando os abrasadores 40ºC, fui ver a conversa com o ilustrador de Harrow County. E dei por mim, nessa noite, a comprar o primeiro volume de uma série de terror. Li-o no dia seguinte.
Não tendo conseguido o meu autógrafo no BD Beja (porque ainda não tinha adquirido, muito menos lido, o primeiro volume, e porque as filas e o calor eram grandes e eu fiquei-me pelo autógrafo, lá está, da Rita), fui ao evento na Kingpin Books, dias mais tarde, onde falei um pouco com Tyler Crook: sobre Beja, e sobre o facto de também ele não ser fã de terror - pelo menos, não do terror "tradicional", gore. É mais do género Twin Peaks. E, nas semanas seguintes, adquiri os restantes volumes.
Portanto: fui a uma conversa com um artista, sobre livros que não conhecia ainda. Saí de lá com a ideia de uma obra com atmosfera gótica, sulista, cerca dos anos '30. Small town America. Uma aldeia com um passado sombrio, um mistério que fica mais aterrador à medida que sabemos mais detalhes.
Emmy está prestes a fazer 18 anos e há imensa coisa estranha a suceder em seu redor - e, apesar de ter curado um bezerro que devia ter morrido, o pai dela não parece estar preocupado... até que nos apercebemos que os restantes habitantes de Harrow County julgam que Emmy é a reencarnação de Hester Beck, uma bruxa contra quem se haviam virado antes de Emmy nascer.
O volume introdutório é maravilhoso - cheio de conflito, bem concebido, subtil, discreto porém aterrador na sua abordagem. Especialmente no que respeita à mob mentality, como na alteração dos comportamentos do pai, por exemplo. Ser humano, mais assustador que qualquer assombração.
O segundo volume introduz uma nova personagem importante, Kammi, uma perspectiva sobre a ideia da "gémea má", elegante, urbana, sofisticada - ao mesmo tempo que Emmy procura um novo lugar na sua comunidade. As cenas iniciais foram especialmente bonitas, com Emmy a tentar utilizar os seus poderes para ajudar a vila, enquanto os habitantes começam a aceitá-la e respeitá-la.
Os detalhes da arte são maravilhosos: quando Hester rompe pela terra, é como se fosse um grito; quando Emmy corre pela floresta, dá para sentir a sua pulsação.
E é por isto que o terceiro livro não cai tão bem: é um conjunto de narrativas mais pequenas, encapsuladas no universo de Harrow County, mas em parte desenhadas por outros artistas. Tyler Crook faz imensa falta nas histórias das quais não participa - e é a narrativa de Berenice, pela sua mão, que se destaca mais.
No volume seguinte, intitulado Laços de Família, temos o regresso de Tyler Crooks na totalidade dos capítulos, e o regresso à narrativa principal; por que é que Emmy tem o poder para afastar as assombrações de Harrow County? Desvendamos mais da resposta à medida que aprendemos mais sobre a família de Hester, que é também a família de Emmy, os seus poderes, os seus planos - e os novos antagonistas.
O volume 5 volta a contar com a arte de Carla Speed McNeil, e a narrativa intensifica. A personagem principal deste volume é, como indica o título, o Abandonado, a criatura semelhante a um touro, com quatro olhos amarelos, que tem vindo a aparecer nos volumes anteriores. Vemos também mais sobre Hester, Amaryllis e Malachi, duas personagens introduzidas no quarto livro.
O sexto volume foi entretanto publicado em Portugal, mas ainda não o tenho. Estou a adorar saber mais sobre Emmy, sobre os segredos obscuros de Harrow County, sobre como as acções do passado levaram à tragédia de Hester. A arte funciona maravilhosamente com a história, e Tyler Crook faz sempre falta quando o grafismo é entregue a artistas convidados. Os toques de inocência nas feições dos personagens, as paisagens de fundo, as várias camadas de cores, de detalhes, introduzem as várias criaturas de forma única, entre o horrível e o onírico, como se o mais normal pudesse esconder o mais bizarro.
Estou ansiosa por ler mais.
5/5
No volume seguinte, intitulado Laços de Família, temos o regresso de Tyler Crooks na totalidade dos capítulos, e o regresso à narrativa principal; por que é que Emmy tem o poder para afastar as assombrações de Harrow County? Desvendamos mais da resposta à medida que aprendemos mais sobre a família de Hester, que é também a família de Emmy, os seus poderes, os seus planos - e os novos antagonistas.
O volume 5 volta a contar com a arte de Carla Speed McNeil, e a narrativa intensifica. A personagem principal deste volume é, como indica o título, o Abandonado, a criatura semelhante a um touro, com quatro olhos amarelos, que tem vindo a aparecer nos volumes anteriores. Vemos também mais sobre Hester, Amaryllis e Malachi, duas personagens introduzidas no quarto livro.
O sexto volume foi entretanto publicado em Portugal, mas ainda não o tenho. Estou a adorar saber mais sobre Emmy, sobre os segredos obscuros de Harrow County, sobre como as acções do passado levaram à tragédia de Hester. A arte funciona maravilhosamente com a história, e Tyler Crook faz sempre falta quando o grafismo é entregue a artistas convidados. Os toques de inocência nas feições dos personagens, as paisagens de fundo, as várias camadas de cores, de detalhes, introduzem as várias criaturas de forma única, entre o horrível e o onírico, como se o mais normal pudesse esconder o mais bizarro.
Estou ansiosa por ler mais.
5/5
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