Avançar para o conteúdo principal

Feira do Livro 2021

Respiro fundo e lembro-me da força.


Irei directa ao assunto: acho que é oficial que perdi o interesse (pelo menos, grande parte) pela Feira do Livro. Poderão ver já no post do ano passado que esta perda de interesse não é, necessariamente, recente; se seguirem a tag aqui do blog dedicada à Feira do Livro de Lisboa, verão que em 2014 só comprei uma sandes de leitão e um pacote de cartas Pokémon e que os anos seguintes (até 2019, inclusive, e progressivamente) é que descarrilaram*.

Sofro de um enorme desencanto. Fui à Feira no primeiro dia, por motivos mais sociais/de blog que outra coisa, e vi uma multidão tal que só senti misantropia e muito pouco entusiasmo. A pandemia e o afastamento geral de pessoas a que me tenho, voluntariamente também, sujeitado, pode não ajudar.

Fui também no primeiro dia de Hora H e acho que nunca mais ponho os pés na secção da LeYa: não só o Se Isto É Um Homem está constantemente esgotado à Hora H (vou comprar em inglês, tenho dito, esgotou-se-me a paciência) como sinceramente acho que não aguento mais as filas e o terror de gente que é. Era mais simpático quando a Hora H era 22h-23h; já achei piada a alguma confusão na FLL; já não acho.

Sabem o que senti na fila da LeYa, que já dava a volta à área 25 minutos antes das 21h, cheia de gente contente e com trolleys e sacos reutilizáveis do Continente cheios de livros? Misantropia para dar e vender. Só me queria ir embora.

Mas, atenção: não julgo ninguém. Acho óptimo que ainda se divirtam na FLL. Que comprem dezenas de livros, que sejam felizes! Eu é que, no fundo, parece que já não consiogo.

Posto isto, olhem: tinha botado aí uma wishlist há umas semanas, e informo-vos que:
- já tinha dito, mas o Primo Levi esgota sempre, em ambas as edições (RTP e "normal" da D. Quixote), epá enfim
- o Torto Arado devo ler no Kobo ou então fica para o ano ou para daqui a sete
- o Pátria também já era o último da prateleira...
- a Antígona na Hora H estava quase tão pavorosa quanto a LeYa, algo que eu nunca tinha visto, com aquele ambiente de barraca das bebidas nos festivais
- bifana de seitan em bolo do caco da Veggie Lovers, impecável, repetia, ponto alto da FLL
- a fila da Penguin Portugal (ou lá como se chama agora) ia até à Relógio d'Água e não tenho estrutura, portanto o Nassar e o Hatoum ficam para o ano, ou para nunca, logo se vê - acho péssimo que tenham separado a editora por chancelas, agora uma pessoa teria de estar em várias filas diferentes para comprar coisas...
- ainda tenho dois da Clarice para ler de outros anos, ficou para o ano também
- aproveitei cenas dos descontinuados da Relógio d'Água (e ter amigos que foram à Feira caçar coisas para mim lá também é fixe!), que era uma secção para a qual outrora não olhava por aí além
- a Sistema Solar fica sempre infelizmente meio fora de mão para aquilo que eu desejo; se calhar, é para o ano que me foco neles/na ala "Sul" da Feira, que este ano foi tudo concentrado na parte de cima e na vontade de ir para casa
- já desisti de esperar que o Myra tenha Hora H
- a Gradiva tem meio Umberto Eco (e Calvin & Hobbes) esgotados e acho isto absurdo
- digo que nunca mais volto à LeYa mas ainda fiquei a pensar naquela biografia do Jorge Amado
- comprei os livros de receitas que queria e isso acho fixe (e é o tipo de compra que me vejo a repetir noutros anos - infelizmente também na LeYa...)
- estou aqui, estou a desistir de comprar livros, que isto não há necessidade de passar por estes dramas... e tenho tanto por ler em casa...

Estou cansada. Mas, como tudo, vale sempre por um motivo:



* estive a fazer contas. Em 2017 e 2018 comprei 22 livros, em cada ano, e em 2019 comprei 20. Pensei que tinha sido muito pior. Ainda assim, dos 109 livros adquiridos desde 2015 (este ano, conto apenas sete, dado que  três são livros práticos), inclusive, li apenas 38.



Comentários

  1. We will always have bifanas de seitan ( ̄_, ̄ )

    ResponderEliminar
  2. Continuo a amar a feira do livro. Este ano fui pela primeira vez na vida à hora H e detestei, muito confuso, muita gente. Não vale a pena a confusão pelos descontos, pelo menos, para mim.
    O Pátria é maravilhoso.
    Adoro a secção dos descontinuados da relógio d'água e adorei que houvesse editoras a vender livros manuseados a preços bem simpáticos.
    O ano passado o livro que eu queria do Carl Sagan estava esgotado na Gradiva e achei absurdo. Pelos vistos, é algo comum.
    Se isto é um homem, tens a opção de procurar no tradestories ou no olx.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. eu acho que a Hora H compensa nas bancas que metem tudo o que seja elegível a 50%, e que durante o dia têm meia dúzia de opções como Livro do Dia com 35-40%: a Leya, a Antígona... noutros tempos diria a Relógio d'Água, mas aparentemente mudaram de política. O problema é que a Leya tem sempre, sempre fila - é uma editora muito grande, com muita coisa com o dito desconto -, e acho que o Covid e o afastamento geral de pessoas fizeram com que, para mim, se tornasse desconfortável. Antes era uma fila chata, agora é insuportável... e livros de receitas, por terem fotos a cores, etc, costumam ser muito caros, portanto os 50% fazem muito sentido para mim nessa situação!
      Fui muito pouco e frequentei muito pouco, este ano, a Feira :) mas em 2019 achei muito simpático haver assim secções de manuseados, etc. A Ponto de Fuga costuma ser excelente nesse departamento, mas este ano nem lá passei, porque me cingi ao "mínimo".
      Tenho muita curiosidade, desde que saiu!
      Pois... são livros que continuam a ter procura e faz zero sentido esgotar. Enfim.
      Acabei por o encomendar em inglês :) e aguardo a sua chegada! Se o tivesse conseguido na Feira do Livro (pelo menos terceiro ano consecutivo que o apanho esgotado...), seria a minha leitura de Setembro do #lerosclássicos2021, mas agora não chega a tempo :)

      Eliminar
  3. Apreciei sobretudo a tua passagem do leitão para o seitan, ainda que este seja o alimento que mais detesto na comida vegetariana.
    A minha vivência da FLL é bem diferente, porque não tenho lista e vou lá à caça de tesourinhos. Sou cotovia, pelo meio-dia é que é. Não há filas, não há gente à molhada. Menina dos caixotes me confesso: 20/20, Porto, RA = felicidade. Pontos altos este ano: Letra Livre e Alfarrabista Arquimedes. Leya é o nome de um dos corredores na Feira, não é? Aquele que tem o duche. :D
    Sou claramente o oposto de ti em entusiasmo: falta muito para a próxima? ;-)
    Paula

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A carne, nesta casa, é coisa do passado :) o que influenciou a minha decisão de ir para o corredor do duche da Feira do Livro, na verdade...
      Acho que se for sem lista, ou compro demais, ou saio de lá sem nada; infelizmente, não tenho horário para ir a essas horas mais mortas, porque das poucas vezes que consegui, foi bem mais agradável, confirmo!
      Talvez para o ano volte a Junho :)

      Eliminar
  4. Olha, também senti esse desencanto. Desde 2019 que não vou à Hora H. Ainda pensei ir buscar o meu Anna Karénina na Presença, mas fica para a próxima, ou talvez compre em segunda mão no TradeStories. O meu balanço deste ano: um livro e um burguer de grão da Veggie Lovers :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. eu no ano passado fui só à cotovia, e só por acaso, porque tinha ido a um evento da bertrand e já eram 20h00 e pronto...
      há mais oportunidades, não há? qual o livro? :)

      Eliminar
    2. Foi o 'Depois a Louca Sou Eu' da Tati Bernardi. Já estava de olho há uns anos, entretanto esgotou e agora saiu 2ª edição. Já li e gostei muito :)

      Eliminar
    3. ouço falar bastante nesse, e bem! quiçá um dia :)

      Eliminar

Enviar um comentário