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Housebreaking

Haverá melhor maneira de confrontar os fantasmas do passado do que desmantelando a nossa casa de infância?


Em Housebreaking, de Colleen Hubbard, seguimos Del, de 24 anos, que vive uma vida sem grande rumo ou sentido, vivendo quase por favor com um dos amigos do seu falecido pai, após um escândalo, o divórcio dos pais e a morte da mãe terem colocado a família contra ela e a terem levado a afastar-se da sua pequena terra natal.

Subitamente, as circunstâncias de Del mudam - Tym, com quem vive, quer começar a viver com o seu actual namorado, e Chuck, irmão da mãe de Del, quer vê-la e falar sobre negócios relacionados com a herança, após anos sem contacto. Chuck quer comprar a casa onde Del cresceu, para a demolir e utilizar o terreno para outro desenvolvimento imobiliário. Mas Del, talvez mais por vingança que outra coisa, diz querer manter a casa - ainda que tenha de vender o terreno.

Assim, Del faz um acordo com o tio, segundo o qual irá, sozinha, desmantelar a casa, não para a reconstruir - mas para deixar a pilha dos seus conteúdos, canos, paredes, mobílias, num terreno que lhe fora oferecido em contrapartida, visível do terreno onde era a casa, do outro lado de um pequeno lago. Mas este projecto tem um prazo curto, e Del não tem dinheiro para contratar uma empresa que o faça por ela. Mais que isso, ela quer agir sozinha.

Assim, numa casa sem água canalizada, sem electricidade e, progressivamente, sem paredes, Del vai desfazendo literalmente a casa onde cresceu. Mal tem dinheiro para comer, não sabe quais as ferramentas certas para o trabalho e não aceita a ajuda de ninguém.

The best way to deal with hurt was to balance it. When everything hurt, nothing did.

A reintegração de Del na sua antiga terra natal é relutante, os reencontros com pessoas conhecidas, velhos amigos, familiares e outros trazem vários tipos de desafios, porque Del se habituara a uma vida de reclusão e sem poder contar com ninguém. A narrativa também tem lugar no início dos anos 2000, pelo que se pode depreender, pelo que mesmo a comunicação com Tym, o seu único amigo, que ela "deixara para trás", é complicada.

A premissa do livro soou muito mais interessante do que aquilo que, no final, achei ter sido; a metáfora de uma mulher a desmantelar fisicamente a sua casa de infância é brilhante, mas a execução do livro foi estranha, talvez por não ser muito fácil de empatizar com Del, por não haver grande encontro entre a casa física e as memórias de Del (poderia ter tido um impacto emocional mais forte) e por não parecer ter uma conclusão muito certa.

3/5

Podem comprar uma edição física na wook ou na Bertrand; não se encontra traduzido para português


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