Tinha muita curiosidade para ler Polina, não só porque tinha imensa curiosidade com a obra de Bastien Vivès, mas porque ballet é uma arte que me impressiona bastante.
Polina segue a vida de uma bailarina russa, Polina, desde criança, quando começa a dançar, com receio da escola de dança para onde a mãe a leva, até à idade adulta, quando vive em Paris e é uma bailarina de renome, acompanhando as suas relações com a dança, com o seu professor, Bojinsky, e com quem a rodeia.
É um livro do qual me é difícil falar, porque sinto que o que se destaca não é, necessariamente, a narrativa, mas sim a arte, muito minimalista, em preto e branco e algum cinzento - apesar de, inicialmente, tornar a obra algo difícil de seguir, sinto que não teria funcionado tão bem de outra maneira. Apesar de minimalista, sugere muitas emoções, apesar da simplicidade, tem detalhes anatómicos que fluem maravilhosamente nas cenas de dança.
É isto, para mim, que se destaca, pois num livro sobre dança, é o movimento que tem de sobressair, algo que não é fácil de transmitir na estática de uma imagem, de várias imagens numa página. O movimento, não obstante o preto e branco e traços aparentemente simples, sobressai, a fluidez da dança sobressai, a graciosidade que esconde a dureza do ballet sobressai, talvez da mesma forma como a aparente simplicidade dos traços esconde maior mestria de Vivès.
Apesar de alguns cenários mais intrincados, o estilo acaba por não ser muito realista, o que creio que ajuda à tal fluidez nas suas imagens. Estas servem perfeitamente à narrativa. Também a narrativa flui, com grandes saltos temporais e até geográficos, algo confusos talvez mas que funcionam.
Julgo que, ilustrada de outra forma, a história perderia muita da sua intensidade e seria banal e esquecível.
Tradução de João Miguel Lameiras
4,5/5
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