Adquiri este livro por ser muito barato e ter alguma curiosidade.
Li, há alguns anos, os sonetos de Florbela Espanca e achei decentes, apesar de repetitivos e dramáticos. De facto, Florbela Espanca é conhecida pela poesia recheada de melodrama que encanta adolescentes várias.
Não sou a maior fã de poesia, facto que aceito, cada vez mais, com grande normalidade. Mas escolhi este volume em jeito de celebração do Dia Mundial da Poesia.
Este diário de Florbela Espanca, também conhecido como "Diário do último ano", é curto, muito, cobrindo apenas o último ano da sua vida. Há uma poetisa cujos diários consistem num dos meus livros preferidos de sempre, mas não é o caso do diário de Florbela.
É sempre estranho ler diários reais, de terceiros, e apreciá-los, creio. Algo que foi escrito para o íntimo, a ser dissecado por méritos literários? Mas divago.
Lê-se bem, lê-se rápido. É uma escrita confessional. Parece histriónica, narcisista, exagerada. Não é memorável ou interessante. De minha parte, resta-me ler os contos - talvez me apelem mais.
Não tenho nenhum intuito especial ao escrever estas linhas, não viso nenhum objectivo, não tenho em vista nenhum fim. Quando morrer, é possível que alguém, ao ler estes descosidos monólogos, leia o que sente sem o saber dizer, que essa coisa tão rara neste mundo - uma alma - se debruce com um pouco de piedade, um pouco de compreensão, com silêncio, sobre o que eu fui ou o que julguei ser. E realize o que eu não pude: conhecer-me.
"Encanta adolescentes várias." Check! É tão dramática, adoro-a! Se é para sofrer, que se sofra a sério. :-)
ResponderEliminarPor acaso estou a ler os contos Máscaras do Destino, muito bem escritos, e estou encantada com aquela morbidez toda.
Paula
Muito dramática! E eu aprecio isso - mas deste diário não gostei... demasiado melodrama, muito pouco interesse. Gostei medianamente da poesia, tenho ali os contos. Se falas bem dos contos, então irei com menos receio depois desta amostra de prosa :)
EliminarFlorbela Espanca é, provavelmente a minha poetisa preferida. Apaixonei-me por ela precisamente na adolescência. Acho que a morbidez e a melancolia dos versos dela são muito realistas e espelham os sentimentos de uma forma brutalmente verdadeira e de maneira a que nos relacionemos com a sua dor. Tenho algumas obras cá em casa em fila de espera para ler e não sei muito bem porquê, tendo em conta que adoro a escrita. Envolve-me em cada palavra. Por isso, e apesar da tua opinião pouco favorável, vou adicionar mais este à lista :P
ResponderEliminarBoas leituras,
Joana
panemicbooks.blogspot.com
withinmyshell.wordpress.com
Eu pessoalmente sou mais Sylvia Plath :) cuja poesia, prosa e diários adorei absolutamente. Dos sonetos da Florbela gostei, alguns mais do que outros - como em tudo -, senti muita repetição temática, de palavras (nunca esquecerei "rutilante"), mas foi uma leitura que me agradou. Este diário, pelo contrário... não. Achei muito melodramático mas sem conteúdo, não consigo explicar, mas teve o seu quê de muito enfadonho. E é pena! Mas ainda tenho ali os contos, e hei de lhes dar uma oportunidade mais tarde.
EliminarAdiciona, adiciona :) porque se, de facto, adoras Florbela, e sendo o livro tão barato, há de valer a pena :D
Nunca li esse livro mas Florbela é sempre melhor de ler se estivermos a sofrer. Caso contrário vai parecer muito melodramática (hoje em dia ela provavelmente seria diagnosticada com algum transtorno).
ResponderEliminarSonha mas Realiza
É verdade, ou não fosse o seu primeiro livro intitulado "Livro de Mágoas". Infelizmente, a psiquiatria há cem anos não era particularmente evoluída...
EliminarDe qualquer maneira, acho complicado ler diários alheios :)
Não sou também um leitor assíduo de poesia e embora goste de alguns poetas pela forma de exporem ideias e sentimentos, mais as primeiras do que os segundos, Florbela é para mim quase uma desconhecida, precisamente por a ver como uma obra de sentimento dolorosamente que me deprime. A sua vida foi colocada em filme agora em estreia em Portugal.
ResponderEliminarA obra poética de Florbela é de facto sentimental. Não sabia do filme! Talvez seja interessante ver assim a sua curta vida.
EliminarFiquei curiosa com o livro de contos, aliás até já é do domínio público, acho que vou dar uma olhada nele
ResponderEliminarÉ também muito curto, pelo que será rápida a leitura :)
EliminarJá fui buscar à biblioteca e já li os dois primeiros contos. Estou a gostar bastante
EliminarEstou curiosa! :)
EliminarTambém li os Sonetos. Gosto dela, mas o meu poeta de eleição vai ser sempre o Fernando Pessoa :) Tenho tanta coisa dele em casa!
ResponderEliminarhttps://allmybooksandmovies.blogspot.com/
Já eu devo confessar: Fernando Pessoa nunca me conquistou!
EliminarSempre gostei da poesia de Florbela. Por esse lado negro e dramático. Pode ser demasiado, mas acho que ela era mesmo assim. Tinha sede de vida, mas a vida não conseguia saciar a sua sede.
ResponderEliminarNa faculdade fiz um trabalho sobre o perfil psicológico dela. Li uma biografia dela escrita por Agustina Bessa-Luís e foi interessante mergulhar na vida de uma mulher tão complexa.
Não cheguei a ler os diários, na altura não os consegui. Mas, apesar de não te terem convencido, fiquei com vontade de explorar.
Boas leituras.
Beijinhos
Gosto de ler a tua perspectiva :) de facto, não conheço a autora assim tão a fundo... nunca li a biografia da Agustina, nunca a estudei. Os diários são muito fáceis de obter e acredito que, com toda essa "bagagem", os consigas apreciar melhor do que eu!
EliminarAdoro a honestidade logo no inicio
ResponderEliminarQuando referes uma poetisa cujos diários consistem num dos teus livros preferidos de sempre é da Sylvia Plath de quem falas ou?
'É sempre estranho ler diários reais, de terceiros, e apreciá-los, creio. Algo que foi escrito para o íntimo, a ser dissecado por méritos literários? Mas divago.' Percebo
Para quando a leitura dos contos?
É a Sylvia :p
EliminarOs contos serão para algures no tempo! Já ouvi falar bem!