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Plano Nacional de Leitura

Inspirado aqui, e nesta notícia, que o melhor companheiro do mundo me enviou.


Já devo ter falado antes dos livros que li na escola e de como, resumidamente, não gostei de nenhum (excepção feita ao Capitães da Areia, que li no 9º ano como leitura orientada). No 11º ano, o meu professor decidiu que leríamos todos o mesmo livro para o Contrato de Leitura, que não sei se ainda existe ou se ainda se chama assim: A Cidade dos Deuses Selvagens, de Isabel Allende, um dos talvez únicos dois livros que nunca acabei de ler.

Costumo de vez em quando ir espreitar as listas de leituras dos cursos de Línguas, Literaturas e Culturas da Universidade Nova de Lisboa, ou as leituras da licenciatura em Teatro, da Escola Superior de Teatro e Cinema. No entanto, e até hoje, nunca me lembrei de ir ver as leituras autónomas do Plano Nacional de Leitura.

Ressalvo desde já que vi apenas as Leituras Autónomas do 3º Ciclo e Ensino Secundário, e que as listas são muito mais vastas que os meus destaques.

Surpresa: A Cidade dos Deuses Selvagens continua na lista, embora agora esteja no 3º ciclo, juntamente com vários outros livros de Isabel Allende; Capitães da Areia encontra-se ainda na lista, e acho muito bem, porque é o livro que me fez apaixonar a sério pela leitura. Jane Austen em ambos os ciclos de escolaridade, bem como Agustina Bessa Luís, embora não se recomende A Sibila, único que li da autora. O Jardim Secreto, de Frances Hodgson Burnett, que li na sala de espera do Egas Moniz, O Estrangeiro de Camus (peço desculpa ao professor de Sistemas Financeiros, que se lembrará talvez de mim com o livro na mão durante as aulas) e as Aventuras de Sherlock Holmes, O Deus das Moscas, de William Golding, que está repleto de simbolismo e eu acho um pouco chatinho (recomendo o episódio dos Simpsons a parodiar o livro), Os da minha rua, de Ondjaki, que é lindo e eu acho que deve ter em muita gente o efeito que Jorge Amado teve em mim, e os contos de Washington Irving. Eça de Queiroz e Fernando Pessoa em ambos os ciclos, com mais obras em destaque no secundário. O Maus, algum Shakespeare, a trilogia do Senhor dos Anéis e o Hobbit, Sexta-Feira ou a vida selvagem do Michel Tournier que é o outro livro que nunca acabei (leitura do 8º ano, creio - fiquei a seis páginas do fim), a Viagem ao Centro da Terra e O Meu Pé de Laranja Lima de José Mauro de Vasconcelos, que gostaria muito de reler. Dois dos meus livros preferidos da Alice Vieira: Um fio de fumo nos confins do mar, e Se perguntarem por mim digam que voei. Aparentemente, o 7º-9º são feitos disto.

Por sua vez, o Secundário tem muito Agualusa, incluindo A feira dos assombrados e outras estórias verdadeiras e inverosímeis e os dois que comprei na Feira do Livro deste ano. Mais Isabel Allende, as Memórias Póstumas de Brás Cubas e o Quincas Borba do Machado de Assis (review para breve). O Fahrenheit 451, que me lembro de ler no Mestrado, nos seminários de apoio à elaboração da tese, Jane Eyre que li duas vezes e O Monte dos Vendavais do qual gosto muito mais (a outra irmã Brontë, Anne, renegada pelo PNL). Seta Despedida e Tanta Gente, Mariana, da Maria Judite de Carvalho, imenso Camilo, incluindo Amor de Perdição. Terra Sonâmbula de Mia Couto, um dos meus novos autores favoritos, Dostoevsky, O Som e a Fúria do Faulkner, um dos meus livros preferidos de sempre (equivalente emocional a ser atropelado por um camião). O Great Gatsby que li maioritariamente devido a esta música, o Jovem Werther e a Madame Bovary. Por Quem os Sinos Dobram e o Adeus às Armas, do Hemingway. Notre-Dame de Paris de Victor Hugo, que li em preparação da minha segunda viagem a Paris. Kafka. Cem Anos de Solidão, que li na praia de Carcavelos, o 1984 do George Orwell, A Parábola do Cágado Velho e O quase fim do mundo. Sylvia Plath (mais Sistemas Financeiros) e Edgar Allan Poe (aquela Treehouse of Horror dos Simpsons ou, em alternativa, telefonar ao António no intervalo para jantar das aulas de mestrado e contar-lhe a história do The Black Cat), o Vasto Mar de Sargaços da Jean Rhys, o Pedro Páramo que comprei em Madrid, o maravilhoso The Catcher in the Rye do JD Salinger e o Cosmos do Carl Sagan que comprei ao meu amor. Muito mais Saramago do que aquele que acredito um dia ler, o Much Ado About Nothing do Shakespeare, o Of Mice and Men do Steinbeck que me leva às lágrimas seja em livro, seja em filme, e o Le Rouge et le Noir do Stendhal que estou a ler neste momento. O Perfume do Süskind, o Dr Jekyll and Mr Hyde do Stevenson. As Três Irmãs do Chekhov, lidas em Monte Gordo, a Anna Karenina que comprei este ano e o Guerra e Paz que li há cinco, o Livro de Cesário Verde e Luuanda. O Candide, do Voltaire que li em duas línguas, o Leaves of Grass e o Picture of Dorian Gray, que é um dos meus livros preferidos (juntamente com as memórias de o ler durante as aulas de Ecologia Humana).

A lista é boa, eu acho - mas obviamente ambiciosa. Li a maioria destes muito depois do ensino secundário (logo, do básico), como comprovado pelos links; e realmente, há muitos que gostaria de ter lido mais nova. Quem não tem arrependimentos desses? Mas é sempre boa altura para ler um bom livro, e ainda vamos todos a tempo de recuperar tanta leitura perdida!

Comentários

  1. Excelente post :p e a opinião com que fiquei também é de uma boa qualidade da lista! Alguns dos meus livros favoritos estão aí, o Cosmos e Notre-Dame de Paris :p no entanto só quando saí da escola é que me comecei a interessar por livros, e agora gosto tanto de ler, é assim
    Um excelente projecto no entanto o Plano Nacional de Leitura!

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    1. Eu acho que, sem ser os livros da escola, devo ter lido tudo (menos alguns da Jane Austen, e o Jane Eyre) já na faculdade ou depois, como prova este blog! Mesmo os gostos vão mudando, e o tempo não chega para tudo, tem de ir chegando :p
      Mas sim, é verdade - nem que seja por dar várias boas indicações a quem procurar um livro para ler, com conteúdo/grau de dificuldade mais ou menos adequado!

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  2. Não sabia de toda essa relação música - Great Gatsby :o

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  3. Uma lista nunca poderá agradar a todos, penso que o PNL são recomendações de livros para o unificado e secundário, nem sei se as designações agora são as mesmas, onde há um fator de idade que tem rigorosamente de ser tido em conta. Sibila, que gostei, não é um livro para despertar o gosto da leitura na generalidade dos adolescentes dada a forma de narrativa. Nossa Senhora de Paris assusta qualquer iniciante pelo tamanho... mas também aí estão obras-primas e fáceis, outras nunca seriam da minha escolha e são obras que adorei ler como O som e a Fúria. Mas penso que os professores devem ter sensibilidade face ao grupo que possuem como alunos.

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    1. Carlos, quando eu frequentei era o "terceiro ciclo do ensino básico". Agora, há recomendações desde a primeira classe até ao secundário, incluindo ensino de adultos!

      Concordo perfeitamente com o factor idade, bem como a sensibilidade que um professor deve ter ao escolher as obras a dar à sua turma. O Som e a Fúria é também dos meus livros preferidos, mas não sei se o teria lido da mesma maneira com, por exemplo, 15 anos. A Sibila, li este ano, e gostei - mas há dez anos atrás também não sei como teria encarado. Possivelmente mal. Não sei se mais alguém, no meu 9º ano, apreciou "Capitães da Areia", mas a mim tocou-me imenso.
      No entanto, creio que um Great Gatsby, um Cem Anos de Solidão ou um Pepetela iriam cair bem nessas idades - são bons livros, e de leitura bastante simples!

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  4. Os Contratos de Leitura no secundário já não existem. Agora o que se segue é o Projecto Individual de Leitura e convido-te a espreitar a lista que estará no Programa e Metas de Português para o Ensino Secundário. Foi uma melhoria considerável relativamente aos tristíssimos contratos de leitura e a lista tem qualidade, embora qualquer professor saiba que é muito difícil pôr os adolescentes a ler boa parte daqueles livros. Mas a escola cumpre a sua parte. Para lerem porcaria, que a leiam em casa. Considero a lista do Projecto Individual de Leitura ainda mais interessante do que a do PNL.

    Eu também espreito todos os anos os programas das disciplinas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e já de lá tirei umas ideias. Somos mesmo «ratitos de biblioteca». :)

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    1. Acabei o secundário há dez anos, estou claramente desactualizada. Mas obrigada pela dica, irei espreitar sem dúvida!
      Na minha altura, o contrato de leitura não tinha sugestões - éramos nós, alunos, que nos "comprometíamos" a ler um livro por período para o apresentar à turma. Lembro-me de uma colega que leu uma adaptação para livro de algo da Buffy Caçadora de Vampiros.
      É verdade! :) A da FLUL não costumo espreitar, porque o site me confunde muito... a ver se este ano é mais user friendly :)

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  5. Olá!
    Gostei imenso do post. Gosto muito da lista do Plano Nacional de Leitura. Concordo, a lista é ambiciosa, mas boa. Contudo, acho que o mais complicado é orientar os alunos para uma leitura que irão gostar. E isso, na minha perspectiva, é essencial. Senão corremos o risco de não gostarmos do livro que lemos e isso não motiva para a leitura. Enfim...muitas questões. Mas adoro o PNL.
    Beijinhos e boas leituras

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    1. Sim, concordo perfeitamente! Até porque a maioria dos livros que li na escola (os mesmo de leitura obrigatória) me passaram mesmo muito ao lado... se não conseguisse encontrar algo "paralelo" que me apelasse, como tantos outros não encontraram, possivelmente não estávamos a falar aqui agora :)
      Há ali livros que acho excelentes, o Som e a Fúria, por exemplo - mas não sei se alguém no secundário o conseguiria ler como deve ser, e com a paciência merecida. Não me imagino a apreciá-lo com 14 anos!
      Beijinhos, Isaura

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  6. Nomeie o blogue para o Liebster Award!!!
    Aqui está o link para saberes mais
    https://gothicclare.blogspot.pt/2017/08/the-liebster-award.html

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    1. Vou ver, Daniela, muito obrigada por te lembrares de mim :)

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