Aujourd'hui, maman est morte.
Esta é, no fundo, a minha terceira leitura do livro: primeiro, em 2011, em inglês; já este ano, em português; e foi agora a vez de ler o livro em francês, na adaptação para nona arte, da autoria de Jacques Ferrandez, livro que comprei em Paris.
Da segunda vez que li O Estrangeiro, consegui gostar mais do que da primeira, da intencionalidade da indiferença de Mersault em todos os seus gestos. A história é já conhecida do público (suponho): começa com a morte de Mersault, uma espécie de inconveniência. Quando Marie menciona o casamento, Mersault aceita, porque não lhe faz diferença. Quando o seu patrão lhe sugere uma promoção e um cargo em Paris, ele diz que pode ser, mas não tem importância para ele.
Comete um crime sem sentido, sem grande justificação ou motivação. A ideia recorrente é que, para Mersault, nada importa. Até que, sentado no seu julgamento, dá por si condenado à morte. E o pouco tempo que lhe resta, não o quer dedicar à religião.
Ironicamente, dado o número de vezes que já li esta obra, nunca li mais nada de Camus (sem ser L'Été, um conjunto de ensaios sobre a Argélia). Tenho a outra adaptação de Jacques Ferrandez (O Primeiro Homem), mas nunca li o original.
E a ideia que retiro desta adaptação é que Ferrandez compreende O Estrangeiro, e exprime-o perfeitamente nas suas ilustrações. A arte é fabulosa, e acrescenta à narrativa, juntando a aguarelas e o desenho mais tradicional. Destacam-se as representações das emoções dos personagens, patentes nos seus rostos, e a sequência do homicídio.
Maravilhoso.
Uma das poucas obras que reli ao fim de muitos anos, mas só li outro livro de Camus e tenho o Mito de Sisifo em casa.
ResponderEliminarÉ, também para mim, uma de poucas obras relidas (ainda mais em diferentes formatos). Tenho de colmatar várias lacunas na obra de Camus.
EliminarAdmito - o Estrangeiro é daqueles clássicos que não consegui gostar :/ mas ler ilustrado deve ser uma experiência interessante.
ResponderEliminarPor que motivo não gostaste? :)
EliminarGostei muito desta adaptação, porque achei que capturava muito bem o calor opressivo, a indiferença de Mersault, o absurdo da situação. E tenho outra adaptação, do mesmo autor, de uma outra obra de Camus - "O Primeiro Homem" (nunca li o original, porém...)